Uma das bandas com mais tradição no cenário do metal brasileiro, o Angra tem uma história cheia de capítulos importantes. Na estrada desde 1991, o grupo paulistano conquistou um lugar ao sol investindo no metal melódico, mas também mantendo a mente aberta na hora de propor misturas que vão da música clássica à latina. O álbum conceitual Ømni, lançado no ano passado e cuja turnê chega a Caxias neste domingo, é um exemplo da fórmula que fez a banda chegar no patamar de hoje: sugere contemporaneidade mesmo com o olhar focado no conceito e na consistência.
– Ter um conceito bem definido vai ajudando a sobrepor as diferentes formações. Cada membro da banda tem suas sonoridades e influências muito diferentes do que era no começo, mas se você tem um conceito muito bem definido e se atém a isso, mais consistência gera. A gente mostra que é uma ideia forte e que ela sobrevive ao tempo – teoriza o guitarrista e atualmente o único membro original da banda, Rafael Bittencourt.
Claro que as mudanças de formação também influenciam na trajetória. Cada vocalista que passou pela banda, por exemplo, representa uma diferente estética no som. O estouro inicial foi embalado pelo timbre marcante de Andre Matos, substituído em 2001 por Edu Falaschi, que, por sua vez, deu lugar ao italiano Fabio Lione em 2013. Outra mudança significativa foi a saída do guitarrista Kiko Loureiro, que trocou a banda pelo Megadeth (onde permanece até hoje) em 2015. Além de Lione e Bittencourt, a formação atual conta com Felipe Andreoli (baixo), Marcelo Barbosa (guitarra) e Bruno Valverde (bateria).
– Hoje é provavelmente o momento de maior entrosamento da banda. No início, ficamos um pouco alienados com o sucesso internacional, éramos jovens despreparados e isso atrapalhou. Hoje, temos maturidade e conseguimos usufruir do bom relacionamento entre nós – reflete.
Prova desse bom relacionamento está no documentário que a banda divulgou pelo YouTube registrando o processo de gravação do último disco.
– Isso trouxe novos fãs, as pessoas puderam justamente ter uma empatia por essa dinâmica interna. Então, acho que isso também é um dos segredos do sucesso – acrescenta.
Renovação de público que, aliás, também é movimentada pelo público gaúcho, um dos mais fiéis quando o assunto é rock pesado. Rafael Bittencourt, que esteve em Caxias no dia 25 de maio para um workshop de guitarra promovido pela Yamaha, elogia a participação da galera do Sul no cenário metal.
– O pessoal é sempre muito carinhoso e educado. Saem daí muitas bandas legais, talvez por isso o povo tenha essa cultura do rock e do heavy metal. É um público leal e também muito exigente, a gente sabe que vai estar sob juízo aí – diz o guitarrista.
Mesmo recém tendo gravado um DVD do último álbum, no qual tocam todas as músicas na ordem que estão gravadas no disco, o show em Caxias promete um formato um pouco mais abrangente. Afinal, 27 anos de estrada precisam de um passeio por outros álbuns para serem resumidos de forma satisfatória aos fãs.
– Faz muito tempo que a gente não toca em Caxias, acho que os fãs merecem ouvir um apanhado geral da nossa carreira. Se não for assim, acho que toda aquela educação do público gaúcho, que eu vinha falando antes, irá por água baixo (risos) – brinca o músico.
Veja clipe com participação da cantora Sandy:
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