Rodrigo Tavares acredita que a Fresno foi o último suspiro de identificação com a "geração emo", aquela cheia de sentimentalismo e visual exagerado. Hoje, seis anos já fora da banda gaúcha e em uma carreira solo cada vez mais consolidada, o ex-baixista de 36 anos não acredita na morte do rock, mas sim em um distanciamento da cultura jovem. Tavares, ou Esteban, como é conhecido, mostra que não carrega fantasmas: sabe que a fase da Fresno e a parceria com Humberto Gessinger o tornaram um nome respeitado no universo que prefere não classificar como rock gaúcho.
Neste sábado, Esteban faz show em Caxias e, no palco, mistura o rock brasileiro com influências que vão do indie e do pop ao rock latino.
– Cada vez mais estou "entortando" para o lado do rock do sul do mundo. Não por um propósito, mas porque realmente é isso que ouço. Tanto que agora estou fazendo um disco em espanhol, pensando em conseguir tocar no Uruguai. O Brasil, por mais que seja enorme, está ilhado num continente que fala espanhol – acredita.
O Uruguai, inclusive, está bastante presente na vida do músico. Apesar de boa parte da internet acreditar que Estaban nasceu em Montevideo, foi em Camaquã que começou a sua história, em 1982.
— É engraçado, mas começou com uma brincadeira, e acabou virando verdade — conta, rindo.
Após um último disco totalmente independente e patrocinado via crowdfunding, ele explica que esse movimento de volta para uma gravadora só foi possível porque conseguiu manter a liberdade que tinha conquistado com o álbum Saca La Muerte De Tu Vida (2015):
— Eu consegui contrato com a gravadora que eu já produziria o disco, coisa que eu nunca tinha conseguido antes. E aí foi muito fácil, porque o estúdio era meu. Se fosse diferente eu não teria aceitado, pois iria contra tudo o que eu acredito e gosto de fazer.
O show traz o repertório do terceiro trabalho de Esteban, Eu, tu e o Mundo (2017), o primeiro gravado após a assinatura do contrato com a Sony. O som atual é, também, diferente daquele que fazia na Fresno, e traça uma identidade nova do músico, que acredita que o problema do rock hoje é muito mais de identificação com a nova geração:
– Essa nossa geração perdeu um pouco a temática e acabou ficando tudo muito banal. A Fresno evoluiu muito, mas se não evoluísse ficaria presa em um espelho de si mesma. Os anos 2000 da música tinha muito disso. O som de uma banda acabava ficando bom só lá pelo quinto disco. Não é um problema musical, é muito sobre o que se tinha para falar na época.
AGENDE-SE
O quê: show do músico Esteban Tavares, em Caxias.
Onde: Shiva Music Club (Rua Osmar Melleti, 521).
Quando: sábado, às 22h.
Quanto: R$ 40 (2º lote) e R$ 50 (3º lote), na loja Kactus Camisetas (Júlio de Castilhos, 1.914). Além do valor do ingresso, é preciso doar 1kg de alimento não-perecível.
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