Alguém liga uma televisão no lugar onde estou. Imagens entrecortadas, destacadas, produzidas. Não tenho mais o costume desses canais. Tudo soa ensaiado. Nesta mesma televisão, de repente, um corte e vejo a pólvora, nítida. No prédio ocupado não havia gente, parece. Só lixo. Resto de coisas. Materiais diversos. Perdemos tudo, ouço. E, em seguida um comentário: perderam o que? Não tinham nada. A condição de miserável desumaniza. Alguns, muitos, não enxergam pessoas ali. O repórter ávido falando das causas: foi o lixo? Foi o cobre? Foi a queima? Foi um casal? Foi a ocupação indevida? Foram os movimentos sociais? Quem foi? Quem podemos culpar, crucificar, qual é o símbolo que esse evento cria? Ao que o bombeiro responde que, naquele momento, está preocupado com o bem estar das pessoas.
Opinião
Natalia Borges Polesso: ocupação
Para onde irão as pessoas que perderam tudo?
Natalia Borges Polesso
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