Até as coisas mais banais ficariam especiais se soubéssemos estar vivenciando-as pela última vez. Essa é uma das máximas que rege o longa A Última Lição, estreia desta semana na Sala de Cinema Ulysses Geremia (nesta quinta tem sessão comentada, veja abaixo), em Caxias. O envelhecimento e a morte, temas já bastante explorados pelo cinema, são também o mote da produção francesa dirigida por Pascale Pouzadoux. Aqui, tudo começa com a protagonista Madeleine – uma simpática senhora de 92 anos – anunciando para a família inteira que deseja morrer. Lidar com a despedida anotada na agenda será o desafio de todos a partir daí.
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A decisão não parece ter o mesmo peso para a idosa do que para o resto da família. Se Madeleine trata do assunto com muita racionalidade e clareza, para o filho Pierre e para a filha Diane (além dos netos) não será tão simples lidar com o fato de que ela marcou uma data para morrer. Ou seja, que a convivência deles tem prazo para se encerrar. Apesar da incompreensão de Pierre, a idosa acaba conseguindo convencer Diane de que morrer é um direito. Assim, o filme se transforma num bonito ensaio sobre a relação mãe/filha, talvez reflexo do olhar feminino da diretora. A cumplicidade entre as duas personagens assume novos níveis, e o tempo que elas têm para compartilhar torna-se algo extremamente precioso.
O longa esbarra, no entanto, em alguns exageros. Um exemplo é a cena em que a frágil velhinha realiza o parto de uma grávida desconhecida na rua. Tudo bem que Madeleine trabalhou a vida toda como parteira e talvez a diretora e roteirista quisesse reforçar a relevância da personagem como cidadã e profissional, mas o propósito não fica claro dentro da história. O roteiro também utiliza certos clichês para definir a personalidade de alguns personagens secundários, o que pode irritar espectadores mais exigentes.
A Última Lição fala de envelhecimento usando a ótica da liberdade. E é interessante ver uma obra abordar eutanásia ou suicídio sem cair no debate religioso. Enquanto Pierre defende que Madeleine deve “aceitar viver”, Diane elogia a fé da mãe, afinal, é a própria crença demasiada na vida que a impede de enfrentar o futuro de impossibilidades que se apresenta.
Programe-se:
:: O quê: drama francês A Última Lição, de Pascale Pouzadoux.
:: Onde: Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás (Luiz Antunes, 312).
:: Quando: estreia nesta quinta e fica em cartaz até o dia 20, com sessões de quinta a domingo, às 19h30min.
:: Duração: 105min.
:: Classificação: 14 anos.
:: Sessão comentada: nesta quinta tem sessão comentada do filme com participação da secretária de Cultura e produtora do documentário EnvelheSer, Adriana Antunes, e do psiquiatra Caetano Fenner.
Veja o trailer: