Quem costuma assistir a filmes e seriados americanos provavelmente já viu aquelas cenas em que uma família resolve fazer uma limpeza no sótão e coloca dezenas de itens usados à venda no jardim ou na garagem de casa. Pois esse tipo de venda, ainda incomum por aqui (embora os bazares de roupas tenham se tornado quase corriqueiros), começa a ganhar adeptos.
Neste sábado, quem passar pela Rua Uruguai, no bairro Jardim América, em Caxias do Sul, poderá garimpar peças interessantes entre as dezenas de LPs e revistas, miniaturas, carrinhos colecionáveis, garrafões de palha, TVs de tubo, malas, ferramentas, engradados, canecos de chope e diversos outros itens. A iniciativa da feira de garagem em versão caxiense é de Leomar Knopp, 41 anos, que teve a ideia justamente vendo uma ação semelhante num seriado na TV.
– Sempre gostei de coisas antigas, sou de família alemã, que costuma guardar tudo. Mas acabava dando as coisas. Há uns seis meses, quando me mudei para esta casa após seis anos morando no interior, resolvi promover a feira. Deu certo, e essa já é a terceira edição – conta.
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Na primeira vez, quem passava por ali e via aquelas coisas espalhadas em frente à casa ficava meio desconfiado. Ele convidava a chegar e dar uma olhada, e o interesse foi crescendo. Na feira seguinte, dois meses atrás, o público chegou a cerca de 60 pessoas, e Knopp acabou convidando amigos a participarem e exporem produtos – colecionáveis, joguinhos, peças de carro, artesanato.
Leomar Knopp conta que os itens mais procurados costumam ser os de decoração, como garrafões de palha e canecas de chope, além de ferramentas antigas. Agora, ele pretende organizar o bazar a cada dois meses e passa parte do tempo livre (trabalha como comprador em uma empresa de usinagem) procurando peças interessantes, principalmente no interior:
– Um cara me pediu um baú antigo, estou indo atrás de quem tem para vender.
Desapego
Essa é uma mudança em relação ao início, quando vendia coisas que ganhava ("se sabia que alguém ia jogar algo fora, eu pedia") ou que ele próprio colecionava, como copos da Pepsi com imagem dos Thundercats, febre nos anos 1980. Neste final de semana, por exemplo, quer se desfazer de uma coleção com mais de 1,7 mil canetas, acumulada durante vários anos, de tabuleiros de xadrez, de um filtro de cerâmica e até de uma seringa de vidro que foi de sua mãe, enfermeira.
– Tenho uma qualidade: desapego fácil das coisas.
Ele acrescenta que muita gente se desfaz de coisas que poderiam ser comercializadas, e quer ajudar a criar o costume de transformar esses itens em bons negócios. Aos poucos, por indicações de amigos, vai descobrindo preciosidades aqui e ali, de ferramentas antigas a videogames de 30 anos atrás. Também criou uma página no Facebook, "Coisas do Meu Avô", na qual anuncia o que estará a venda e recebe pedidos.
Embora a página funcione como uma espécie de vitrine, o interessante mesmo é ver ao vivo, revirar caixas e voltar para casa, quem sabe, com um walkman ou um vinil do Tim Maia...
Quer pechinchar?
Venda de garagem comercializa produtos antigos neste sábado, em Caxias do Sul
De miniaturas e revistas a garrafões de palha e TVs antigas, itens formam um mosaico curioso para quem gosta de garimpar boas ofertas
Maristela Scheuer Deves
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