Inspirado pelo amigo gaúcho Renato Borghetti e pelo mestre paraibano Sivuca (1930-2006), a quem conhecer pessoalmente quando criança transformou sua percepção musical pra sempre, Bruno Moritz será o responsável por abrir os trabalhos da quinta edição do Tum Tum Instrumental, neste domingo. O catarinense de Brusque chega a Caxias para mostrar o quanto beber na fonte de dois dos maiores acordeonistas que o Brasil já produziu o tornou um dos mais prestigiados gaiteiros – para ficar na denominação mais consagrada aqui no Sul – da atualidade.
– Eu tinha sete anos quando fui assistir a um show do Sivuca e ele me convidou para tocar com ele, num teatro lotado em Florianópolis. Fiquei impressionado, pois não sabia que se podia fazer tudo aquilo com o acordeon. Foi o Sivuca quem me abriu a cabeça para o universo absurdo não só deste instrumento, mas da própria música. Ele e o Borghetti, que eu sou fã a ponto de tocar para ele músicas que ele nem lembra que são dele, são as minhas duas maiores influências – elenca Moritz.
Explorar a linguagem da gaita é o que Moritz tem feito há 30 dos seus 34 anos de vida, numa trajetória de oito álbuns lançados e dezenas de prêmios conquistados no Brasil e no exterior. A cada novo trabalho, o catarinense consegue levar o som do acordeon mais longe ao aliar gêneros tradicionais da gaita, como o chamamé e o baião, à valsa, ao choro e ao maracatu. À riqueza de ritmos, Moritz soma a subjetividade da música instrumental para compor temas cuja interpretação não está apenas em quem executa, mas em quem escuta.
– A música cantada entrega o jogo. Se ela é romântica, vai falar de amor, de paixão. A música instrumental só tem o título e pode significar 20 coisas diferentes para 20 pessoas que a ouvirem. Por ser mais enigmática, subjetiva, eu a vejo com mais interesse. Enquanto a música cantada denota, ela é mais conotativa – argumenta.
Moritz chega a Caxias acompanhado do trio formado por Rafael Calegari (contrabaixo), Mauro Borghezan (bateria) e Rafael Borges Amaral (violão). Curador do Tum Tum Instrumental, Beto Scopel comenta a escolha e a expectativa pelo show:
– A gaita é um símbolo do Brasil, de Gonzagão aos irmãos Bertussi, e o Bruno é um músico que alia a raiz do instrumento à contemporaneidade. Eventos de música instrumental tendem a ser considerados pelo viés mais jazzístico, mas a ideia do Tum Tum é a de contemplar também outras estéticas. As misturas que o Bruno Moritz faz, de baião, milonga, forró, levam o som dele mais pro lado da world music – destaca o curador.
TUM TUM INSTRUMENTAL 2017
Atração: Bruno Moritz Quarteto (SC)
Quando: domingo, às 19h
Onde: Teatro do Sesc
Quanto: R$10 Julho
Atração: Jorginho Neto Samba Jazz (SP)
Quando: 30 de julho, às 19h
Onde: Teatro do Sesc
Quanto: R$10
Atração: Badi Assad (SP)
Quando: 27 de agosto, às 19h
Onde: Teatro do Sesc
Quanto: R$10
Atração: Quartabê (SP)
Quando: 24 de setembro, às 19h
Onde: Teatro do Sesc
Quanto: R$10
Atração: Alegre Corrêa e François Muleka (RS/SC)
Quando: 22 de outubro, às 19h
Onde: Teatro do Sesc
Quanto: R$10
Atração: Rafael Calegari Quarteto (SC)
Quando: 19 de novembro, às 19h.
Onde: Sala de Teatro Valentim Lazzarotto
Quanto: R$10 Dezembro
Atração: La Característica Orquesta (ARG)
Quando: 3 de dezembro, às 19h.
Onde: Complexo Cultural MaesaQ
uanto: entrada gratuita