Pedro Andrade volta no tempo ao lembrar das viagens de ônibus com a avó por diferentes partes do Brasil. Foi dela que o jornalista e ex-modelo de 37 anos herdou o espírito aventureiro com o qual desbrava cada canto do planeta e que pode ser visto no programa Pedro Pelo Mundo. Com estreia nesta segunda (6), às 22h30min, no canal por assinatura GNT, a segunda temporada leva o espectador a destinos que passam por algum tipo de transformação, sejam elas políticas, culturais ou econômicas. Do Japão ao México, passando por Botswana, Camboja e Vietnam, entre outros, o belo mergulha de cabeça na cultura local em uma série que mistura viagem, cultura internacional, curiosidades e gastronomia.
Nascido no Rio de Janeiro, Pedro é referência quando o assunto é viagem. Afinal, ele vive fazendo check in nos lugares mais descolados do planeta. Desde 2009, compõe a seleta bancada do Manhattan Connection, atração dominical da Globo News apresentada direto de Nova York, nos Estados Unidos. E foi na América onde começou sua trajetória internacional apresentando por quatro anos o First Look, na NBC. Mais tarde, apresentou o reality show On The Rocks e foi correspondente do Today Show. Em 2013, foi contratado pela rede norte-americana ABC para integrar o canal de variedades ABC Fusion em Miami, onde comandou o matinal Fusion Live e entrevistou celebridades como Pelé, Denzel Washington, Jamie Foxx, Michele Obama, Malala, Keanu Reeves, Pierce Brosnan, Vik Muniz, Ronaldo Fenômeno, Eva Mendes e Alejandro Iñáritu.
Com seu jeito despojado e carismático, conquistou um público fiel. Tudo isso depois de ralar muito como modelo, barman, passeador de cães e carregador de gelo na Big Apple. Seu primeiro livro, O Melhor Guia de Nova York (Editora Rocco, 2013), esteve entre os mais vendidos na lista de não-ficção por mais de um ano. Por e-mail, Pedro concedeu a seguinte entrevista ao Pioneiro:
Como foi gravar a nova temporada e quais foram os destinos visitados?
Pedro Andrade: Quando o conceito do programa nasceu, tive em mente propor um projeto que tivesse potencial de longevidade. Posso afirmar sem sombra de dúvidas que poderia fazer este programa minha vida toda. Não só pelo prazer que tenho durante todo o processo, mas também porque o mundo muda constantemente, por isso, enquanto gravamos a primeira temporada, as transformações dos destinos da segunda temporada já estavam começando. Prefiro não contar todos os destinos, pois curto este elemento de surpresa, mas posso esclarecer que alguns dos meus prediletos nessa temporada são Botswana, Vietnam, Camboja, México e Okinawa.
Que tipo de viagem mais te atrai? Qual o barato de viajar?
Gosto de lugares problemáticos. Fico entediado em destinos muito perfeitos. Para mim, o grande barato é entender o aspecto humano do mundo, aquilo que nos divide e o que nos une. Como as pessoas vivem nesses locais que parecem tão distantes da nossa realidade? Tenho isso em mente tanto quando estou trabalhando quanto quando viajo a passeio, o que hoje em dia raramente acontece.
Prefere viajar sozinho ou acompanhado?
Curto ambas as circunstâncias. Viajar sozinho é um prazer diferente de uma jornada a dois ou com uma equipe de trabalho. O importante é estar disposto a experimentar sabores, cores, rotinas e atividades novas. Para fazer tudo igual é melhor ficar em casa, o que, por sinal, também adoro.
Qual a tua lembrança de viagem mais remota? Na infância e adolescência, costumavas viajar em família ou com amigos?
Minha avó sempre foi viajante de carteirinha, inclusive dedico meu primeiro livro, O Melhor Guia de Nova York, a ela. Lembro que ela frequentemente chamava todos os netos para viajar de ônibus, na falida Soletour, para diferentes partes do Brasil. O mais marcante não foram os destinos, mas sim este espírito aventureiro e esta vontade de desbravar o mundo ao meu redor. Além disso, passava férias na casa dos meus tios em Búzios. Adoro praia. Adoro mar. Tenho boas lembranças daquela época. Desde que me entendo por gente sabia que ia viajar. Não sabia se queria ser piloto, diplomata, comissário de bordo ou correspondente internacional, mas esse sentimento já existe em mim desde sempre.
Antes de uma viagem, você se planeja, pesquisa e faz roteiros ou gosta de ir sem um cronograma pré-definido e ir descobrindo o lugar no próprio destino?
Deixo espaço para ambas as experiências. Reservo metade da viagem para dias planejados e a outra metade para literalmente me perder na cidade. Dessa forma, consigo um equilíbrio entre o previsível e o inesperado.
Qual tua viagem inesquecível? E qual a dos sonhos?
São tantas viagens marcantes e tantos lugares ainda não visitados. Difícil escolher um de cada. Meus dias em Myanmar, gravando o Pedro pelo Mundo, foram um divisor de águas na minha vida. O dia em que pisei em Nova York pela primeira vez também me mudou para sempre. Sou fascinado pela África desde pequeno, e as gravações em Botswana, para esta temporada, me deram um sentimento que nunca havia sentido antes. De que, de certa forma, pertencia àquele lugar onde nunca havia posto os pés antes. Com relação aos locais mais almejados, aqui vão alguns: Zanzibar (África), Provence (França), Butão e Líbano (ambos na Ásia).
O que não pode faltar na tua mala?
Meu passaporte. O resto a gente dá jeito.
Nova York ou Rio de Janeiro? Por quê?
Não escolho. Tenho o privilégio de dividir meu tempo no eixo NY-RJ-SP-Miami. Não trocaria essa vida que levo por nada.
Como é ser brasileiro no Exterior? Quais as percepções que têm de ti? Elas são reais?
A gente vive num mundo globalizado. O que acontece na economia da Grécia interfere na Bolsa de Valores de Nova York. O que acontece na política chinesa muda o comércio americano. Infelizmente, hoje, a gente passa por um período extremamente nacionalista e xenofóbico. A crise migratória gerou um medo global em abraçar o próximo e aceitar diferenças. Vemos isso no movimento neo nazista na Alemanha, no discurso egoísta de Marine Le Pen, na França, nas novas medidas anti-imigração de Macri, na Argentina e, é claro, na retórica torta, desinformada e nojenta de Trump. Nesse exato momento, ser imigrante é mais complicado que cinco ou 10 anos atrás, mas, confesso que raramente sinto isso na pele por já ter alcançado um certo nível de respeito tanto na TV brasileira quanto na americana, graças ao meu trabalho.
Depois de tantos anos vivendo fora do Brasil, qual o sentimento em relação ao momento atual do país e o que tu esperas para o futuro?
Sou otimista por natureza. Da mesma forma que acredito que este momento estranho de racismo, anti-semitismo, homofobia e xenofobia vai passar. Creio que o Brasil está passando por uma transição fundamental para um possível crescimento no futuro. Gostaria que a educação ocupasse um espaço de prioridade aos olhos do governo brasileiro. Viajando pelo mundo, fica muito claro que nações que não investiram em gerações em fase de crescimento ficaram ancorados. Torço para que o mesmo não aconteça no meu país.
Como é a tua rotina (ou não rotina)?
Não vivo sem rotina. Acordo diariamente às seis da manhã, tomo o mesmo café na mesma escrivaninha, malho com as mesmas pessoas (@AndersonHickman e @DalilaKindermann) no mesmo horário e meu dia segue assim, de forma regrada, até eu voltar para a cama. Parece chato, mas seria impossível ser produtivo, apresentando quatro programas, escrevendo, preparando entrevistas, respondendo entrevistas, estudando, editando, fazendo matérias externas, me encarregando do debate do Manhattan Connection, etc, sem um dia-a-dia regrado. Quando estou viajando filmando o Pedro Pelo Mundo, sou obrigado a ser mais flexível e não planejar muito tudo que acontece ao meu redor, mas até isso, de certa forma, é premeditado. Adoro o caos, mas tenho que saber que horas ele acaba.
A sequência dos programas:
:: México (Cidade do México)
:: Vietnã (Hanói)
:: Coreia do Sul (Seul)
:: Portugal (Lisboa)
:: Camboja (Siem Reap)
:: Estados Unidos (Brooklyn)
:: Japão (Tóquio)
:: Japão (Okinawa)
:: Alemanha (Berlim)
:: Botsuana
TOP 5 DE NOVA YORK, POR PEDRO ANDRADE
:: Whitney Museum: "Arte americana de qualidade."
:: Standard Grill: "Comida boa e atmosfera preciosa."
:: The Wild Son: "Almoço e café da manhã despretensiosos."
:: Brooklyn Museum + Brooklyn Botanic Garden: "Programasso para o fim de semana."
:: Anfora, Apotheke, Raines Law Room, Little Branch, Nomad Library, The Beekman Bar e Goto: "Os melhores bares de NY."
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Para ler:
O Melhor Guia de Nova York
Pedro Andrade
Ed. Rocco
272 páginas, 20cmx20cm
R$ 59,50 ou R$ 29,50 (e-book), no site da editora