Era uma vez um sonhador. Como toda boa história que se preze, o começo tem de ser assim. Nem tanto pelo narrador e, sim, pelo personagem. Então, era uma vez um menino chamado Paulo. Ele gostava de sonhar. E, mais ainda, de transformar sonhos em realidade. O menino Paulo sonhava e fazia. Voava em órbita onírica, mas possuía a sabedoria para pôr os pés no chão. Jovenzinho, já chamava a atenção pela tendência – ou vocação? – de antever mudanças do mundo. Coisas próprias de um visionário. Fascinado por máquinas, motores e números, transplantou sua fonte de imaginação para um porvir quase ficcional. Alguém que enxergava longe o modernismo. E desta visão futurista, a Marcopolo iria rodar o mundo inteiro.
Leia mais
Frei Jaime: o sorriso tem um poder transformador
André Costantin: ruínas de Aquário
Natalia Borges Polesso: da mesma poeira
O certo é que tudo que se disser a respeito de Paulo Bellini pode ser pouco e jamais será demais. E esse senhor de 90 quilates a que estou a me referir, dispensa bajulações, pois sempre soube separar o joio do trigo. Não é do seu feitio a batidinha nas costas. Nem na dele e nem nas dos outros. Austero na medida exata, mas o suficiente flexível no trato dos subalternos e dos negócios. Ele cresceu e prosperou, até alcançar a plena afirmação empresarial, caracterizado pela sobriedade e pela discrição. Não que tenha aversão de aparecer, fazer figurações, mas a sua têmpera que não é de lata e, sim, de aço carrega a sina da sensatez e da simplicidade. A do realizador capaz e inoxidável, de quem acredita e faz. Com discernimento e tenacidade. Que eu sabia sucesso não se compra em farmácia.
Foi – e tem sido – um construtor que escreveu a própria história, a ferro e fogo. Acima de tudo precisou ralar muito. Não se pense que tudo decorreu facilmente. Quem o olha, agora, do alto de seu pódio de renomado capitão da indústria, talvez se iluda com a ideia de que as coisas lhe caíram do céu. Não, senhores. Houve épocas complicadas, de ásperos desafios, que exigiram apostas arriscadas. Botando o seu patrimônio e a sua família em cheque. Tomadas de decisões que tão somente os audazes e os fortes se aventuram a arrojar.
Hoje, às vésperas das festividades em que vai se lapidar um diamante de 90 anos, esse exemplar empresário está colhendo todas as homenagens semeadas pelo seu trabalho e pelo seu mérito. Quantos ele ajudou e tutelou! Quantos empregos ele gerou! Se a empresa o enriqueceu, o fez honestamente e com o sentimento do dever cumprido, projetando Caxias do Sul internacionalmente.
Pena que a sua querida Mary não possa estar presente para o doce beijo do amor que os uniu! Claro que de algum belo lugar ela o acompanha e o prestigia. E de todos os convivas, o senhor Paulo Bellini ouvirá uma sonora salva de palmas com o "parabéns a você" cantado num ecoante uníssono. Assim como eu e a Betty desejamos abraçá-lo nos embalos deste próximo emocionante sábado à noite.