Único filme brasileiro a conquistar a Palma de Ouro do Festival de Cannes, na França, O Pagador de Promessas abre nesta segunda-feira a programação do Cinema de Verão, em Caxias do Sul. O longa dirigido por Anselmo Duarte integra uma lista de 23 produções que nos próximos 14 dias serão exibidas em 28 sessões gratuitas em oito espaços da cidade, a maioria deles ao ar livre.
Realizado desde 2014, o projeto da Varsóvia Educação e Cultura contempla este ano filmes da década de 1960 de diversos gêneros e voltados a diferentes faixas etárias.
– Os anos 1960 foram os mais politizados do cinema. A maioria deles tem um teor libertário e poético – explica o produtor cultural Robinson Cabral.
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A seleção é uma continuação da linha cronológica iniciada há três anos com clássicos do cinema mudo da década de 1920, que continuou em 2015 com os primeiros filmes falados dos anos 1930 e em 2016 com produções de 1940 e 1950.
Lançado em 17 de abril de 1962, O Pagador de Promessas será exibido às 20h30min na Praça Dante Alighieri no cinema itinerante, que conta com uma tela inflável de 3mx4m que será montada em frente à Catedral Diocesana. O cenário, conta Cabral, foi escolhido a dedo para o público acompanhar a história de Zé do Burro, que faz a promessa de carregar uma imensa cruz de madeira até a igreja de Santa Bárbara depois de seu asno de estimação ter sido atingido por um raio.
– É um filme com temática bem atual e nos faz refletir sobre o que é legítimo, especialmente em relação à religião. O protagonista faz a promessa em um terreiro de candomblé, mas vai pagá-la em uma igreja católica – salienta.
Da extensa e variada agenda diária, Cabral destaca, entre outros, títulos como Vidas Secas (1963), drama do chamado Cinema Novo baseado na obra de Graciliano Ramos e com forte influência da nouvelle vague, e 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), pelo ousado apelo estético.
– Sou Cuba (1964) é outro filme importante, uma ode à fotografia. Mostra o olhar da antiga União Soviética sobre a parceira Cuba, considerada um paraíso socialista – cita.
Terror, suspense e ingenuidade
Fãs de suspense e terror terão duas oportunidades para testar sua coragem. A primeira delas será na sexta-feira, dia 20, quando a tela da Sala Ulysses Geremia ganha a clássica cena da banheira de Psicose (1961), de Alfred Hitchcock, e um dos filmes mais icônicos do fim da década de 1960, O Bebê de Rosemary (1969), de Roman Polanski.
Na sexta-feira seguinte, dia 27, Hitchcock volta ao cinema com Os Pássaros (1963), seguido de George A. Romero, com A Noite dos Mortos-Vivos (1968).
Quem prefere uma diversão mais, digamos, leve, as pedidas são Se Meu Fusca Falasse (1969, lembra de Herbie?), Deu a Louca no Mundo (1963), aquele da corrida maluca atrás de uma fortuna enterrada, a simpática Mary Poppins (1964). Na linha musical, tem Estrelas de Fogo (1960), com Elvis Presley, e Os Reis do Iê-Iê-Iê – A Hard Day’s Night (1964), com os Beatles.