Em 1994, quando Cidinho & Doca avisam ao mundo que o negócio era ser feliz, “viver tranquilamente na favela em que nasci”, Claudinho e Buchecha também ensaiavam seus passos no funk.
Depois que o hoje antológico Rap da Felicidade abriu as portas, em 1996 a dupla começava a bombar de Norte a Sul do Brasil, nas lajes, nos bailes e nos programas de televisão cantando Conquista (Sabe, thurururu, estou louco pra te ver...). Depois, viria Fico Assim Sem Você (Avião sem asa, fogueira sem brasa, sou eu assim, sem você...) e, ainda, Quero Te Encontrar (Quando você vem pra passar o fim de semana...).
Os três hits que dão a dimensão da contribuição da dupla para a afirmação do funk na cena musical brasileira. Então Claudinho se foi em 2002, morto num acidente de carro. O parceiro Claucirlei Jovêncio de Souza se recolheu por uns seis meses. Mas não se conteve. Sabia que, de algum lugar, Claudinho lhe convocava para as pistas. Eis, então, que Buchecha pôs seu baile na estrada e, com ele, se apresenta hoje, às 23h30min, na primeira festa do ano da Bulls Brasil.
A carreira solo de Buchecha começou em 2003. O primeiro disco desta fase foi MC Buchecha e, três anos depois, fez o elogiado Buchecha Acústico, revisitando hits e contando com participação de Lulu Santos e Latino. Três discos depois, em 2014 lança Adesivo e, com o single Frutilly (Praia, sol e mar, luzes de verão refuge em mim, quero te encontrar, te ovacionar te quero sim... ) reafirma sua capacidade de fazer versos dançantes a termos inusitados, pescados até no dicionário.
Seu disco mais recente, Funk Pop, de 2015, tem Vem Cá Fazer Um Love, que entrou na trilha do filme Vai Que Cola. Além disso, reafirma sua ligação com as origens, na regravação do pungente (sim, o rap também pode ser assim!) Rap do Silva, e atento à nova cena, tendo parceria de Emicida. Paralamas do Sucesso, Lenine, Paula Toller e Ludmilla são outros nomes que comparecem no baile que ele segue botando nas pistas e que traz a Caxias aos 41 anos.
Em 2014, quando lançou o disco Adesivo e concedeu entrevista à revista Trip, Buchecha falou sobre a projeção do funk nas duas décadas em que está na cena:
– Antigamente quem falava fora da comunidade eram só o Claudinho e o Buchecha. Vendemos milhões de cópias no primeiro CD. Éramos os bons moços do funk. O funk tinha uma linguagem diferente. Hoje em dia tem muito mais gente vivendo do funk. O cenário atual é muito mais favorável, mas na nossa época não era assim. Nunca senti nenhum menosprezo em relação a meu funk, mas para outros artistas já foi muito difícil.
Na mesma entrevista, além de afirmar a importância das redes sociais para popularização do funk, fez uma reflexão sobre a emergência de outras vertentes do gênero.
– O funk ostentação é uma realidade hoje. Vi uma matéria dizendo que os caras ganham de R$ 300 mil a R$ 500 mil por mês. É uma grana alta! Então é uma realidade, é uma vertente do funk. A bandeira que eu levanto é do funk melody, que atravessa gerações e vai passando de pai pra filho. Estou muito feliz com o funk que eu faço, mas existem outras vertentes que respeito.
A festa da Bulls também terá set dos DJs da casa Luciano Lancini e Lilo Lorandi.
O que: Baile do Buchechaz
Quando: Hoje, às 23h30minz
Onde: Bulls Brasil (Dr.Augusto Pestana, 55, Bairro São Pelegrino)
Quanto: Feminino: R$ 30,00, Masculino: R$ 60,00