Incentivar a leitura nas escolas é preciso, ainda mais diante do cenário apontado na 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura do Brasil – divulgada esta semana e que apontou que apenas 56% dos brasileiros leram um livro nos três meses anteriores ao estudo. Alguns cuidados, entretanto, devem ser tomado por quem trabalha na área. Entre eles está evitar a "fazeção", alerta a doutora em Letras Flávia Brochetto Ramos, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e que tem estudos sobre a formação do leitor:
– Ler um livro apenas para fazer um desenho ou uma peça de teatro não serve para nada. O que se deve buscar é a interiorização do texto, compreendê-lo, trazê-lo para a vida, refletir sobre ele, e não exteriorizá-lo – ensina.
Para o bom aproveitamento da leitura, é preciso também uma mediação competente, completa Flávia. Em outras palavras, não basta institucionalizar ações como a hora de leitura, levar os alunos à biblioteca e simplesmente dizer que leiam o que quiserem.
– É importante que a escola operacionalize a leitura literária, ajude os alunos a entenderem o contrato com o leitor feito em cada tipo de texto. Cada texto, cada gênero, tem uma proposta e deve ser lido de determinada maneira. O professor deve ainda ajudar a entender o contexto da obra.
Embora importante, esse trabalho prévio nem sempre é feito, critica a especialista, e muitas vezes os estudantes sequer têm noção dos elementos de paratexto, como as "orelhas" do livro. O ideal, explica, é, antes da leitura, trabalhar o gênero a ser lido, explicando suas peculiaridades e oferecendo novas possibilidades. Se isso não for feito, o estudante que nunca leu poesia, por exemplo, nunca vai ler, justamente por não conhecê-la.
Da mesma forma, aconselha a professora, é preciso que as bibliotecas escolares ofereçam boas obras literárias, não apenas literatura de massa e best-sellers do momento.Flávia também acredita que a escola deve aumentar a exigência de leitura: se o professor cobrar número mínimo de livros por trimestre, diz, eles serão lidos.