Muitos aproveitaram os festejos farroupilhas de Caxias do Sul para adquirir a primeira pilcha e incorporar o espírito da tradição. Sem a preocupação do que está nas diretrizes estipuladas pelo MTG, muitos gaúchos seguem o que vêem nas ruas, ou melhor, nos rodeios. Numa época em que mesmo a indumentária gaúcha parece sofrer a ação de modismos, estas festas campeiras acabam fomentando uma indumentária própria.
É o caso dos populares coletes de nylon, usados sobre camisas de botões ou camisas polos, as bombachas e os lenços de ginetes (a primeira é mais justa e o segundo é mais curto que o lenço tradicional) e as "baby looks" usadas pelas mulheres com bordados gaúchos. Nenhuma dessas peças é regulamentada.
<<Responda no mural: Você segue as normas do MTG em relação à indimentária do peão e da prenda?>>
A alpargata, popular chinelo gaúcho, também não é reconhecido pelo MTG. A própria bombacha feminina, tão aclamada pelas mulheres atualmente, que a usam até mesmo em bailes, têm suas restrições: seu uso é liberado apenas em atividades campeiras. Para ir num baile, a vestimenta correta seria o vestido de prenda.
A advogada Mariana Bernardi, 28 anos, aproveitou os festejos farroupilhas e comprou a primeira indumentária gaúcha. Sem muito conhecimento do que é regulamentado ou não pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), ela seguiu as dicas da vendedora de um dos estandes de artigos campeiros instalados nos pavilhões. O resultado: saiu de lá com bombacha, chinelos campeiros, camisa e lenço no pescoço.
- A gente vê todo mundo vestido e queria me sentir assim também. A única coisa que ela (a vendedora) me disse é que a camisa não podia mostrar o cotovelo. A bombacha e o cinto nos deixam com um ar imponente. É como se a gente incorporasse um pouco dessa história - disse.
Mariana gostou tanto do que viu e sentiu que, dias depois de ter comprado a bombacha, voltou aos pavilhões para adquirir um vestido de prenda. O marido, Felipe Bernardi, 29 anos, um pouco mais íntimo da cultura gaúcha, entrou no embalo da esposa e comprou sua segunda pilcha completa.
Prendas e peões seguem regulamentação do MTG
Elas não abrem mão do vestido e da flor no cabelo. Entre as primeiras prendas, a bombacha feminina não se popularizou. Shaiane da Fonseca da Rosa, 19 anos, 1ª Prenda da 25ª Região Tradicionalista, usa a bombacha apenas na fazenda da família. Letícia Galvan, 14 anos, 1ª Prenda Juvenil da 25ª RT, e Alexia Macedo, 16 anos, 2ª Prenda Juvenil da 25ª RT, usam a bombacha com alpargatas, em atividades campeiras, e isso é o máximo que se permitem. Já a 1ª Prenda Mirim da 25ª RT, Erika Fumagalli, 12 anos, usou bombacha uma vez, não gostou e nem tem mais a peça.
- A bombacha é uma traje alternativo para passeio. Eu, particularmente, não acho bonito. Enquanto prenda regional usamos o vestido, que é feminino, delicado, é o traje da mulher - fala Shaiane, que ganhou o primeiro vestido de prenda com apenas três meses de idade, o que ajuda a justificar tanta intimidade com o traje.
De acordo com Shaiane, ostentar uma faixa de primeira prenda requer responsabilidades e uma delas é a vestimenta adequada, conforme as normas do MTG. Simplesmente comprar um vestido numa loja do ramo, pronto, quase sempre não é a melhor opção para uma prenda.
- Um prenda mirim não pode vestir o mesmo modelo de uma prenda adulta, por exemplo. A prenda mirim não deve usar arranjos para cabelo e maquiagem muito pesadas. Blusa e saia ou casaquianho e saia são reservados apenas para as prendas adultas ou veteranas. A prenda juvenil pode usar uma base ou esmalte claro nas unhas. Cores fortes, como vermelha, apenas a adulta - explica.