A contadora de histórias Iraci Hoch Maboni é a homenageada da 29ª Feira do Livro de Caxias do Sul. Ela é a responsável por dar voz à literatura para deficientes visuais que frequentam a Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadev) há 18 anos. Todas as tardes de quintas-feiras, um grupo de cerca de 10 pessoas se reúne para escutar a voz de veludo cheia de nuances interpretativas. Além disso, ela também é voluntária na Biblioteca Pública Municipal, mas conta histórias para adultos não cegos que participam do projeto Roda de Leitura. No repertório de leituras, autores que variam de Agatha Christie a José Saramago.
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Licenciada em Letras pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), a "ledora", como é chamada por seus ouvintes, de 66 anos é aposentada, e hoje dedica-se ao trabalho voluntário na sua área de formação. Tamanho é o gosto pela literatura, que o último livro apreciado por Iraci foi a biografia de um dos mais importantes escritores brasileiros, Lima Barreto.
A contadora de histórias foi escolhida por unanimidade pelos livreiros da feira como homenageada deste ano. Surpresa, ela estende o prêmio a todos os seus ouvintes ou pessoas que de alguma forma participam ou desfrutam das suas contações.
Ao tentar definir a literatura ou os efeitos de seu próprio trabalho, ela primeiro dá um longo suspiro, faz uma pausa, e utiliza-se da interpretação já enraizada na voz de veludo depois de 18 anos dando imagem às letras:
- O mundo não acaba na cegueira, você continua sonhando por meio da voz de outras pessoas. Isso é o mais espetacular da literatura.