A capa histórica da revista Caras, que trouxe a apresentadora Xuxa montada pela primeira vez como drag queen, contou com a assinatura artística de um profissional gaúcho (nascido em Jaquirana). Eduardo Jônata, 40 anos, é o maquiador responsável pela transformação da Rainha dos Baixinhos em Rainha da Diversidade – ou em Morgana Sayonara, como Xuxa batizou sua própria drag. Radicado no Rio de Janeiro desde 1998, Jônata estudou Artes Cênicas e acabou se encantando pelo universo da maquiagem, ramo no qual atua há pelo menos 13 anos. O trabalho mais expressivo de sua trajetória, até agora, surgiu por intermédio do amigo figurinista Caian Rangel.
– Ele estava na equipe que ia fazer o editorial da Xuxa drag para a capa da revista e falou de mim, mostrou meus trabalhos. Na hora, a Xuxa já falou que queria que fosse eu, que ficou apaixonada – orgulha-se Jônata.
As fotos mostradas pelo amigo eram, na verdade, registros da Diva More, a drag criada pelo maquiador gaúcho há quatro anos. Uma das marcas da personagem é um sinal pretinho no rosto (que lembra o de Marylin Monroe), característica que Xuxa também exibiu numa das fotos escolhidas para a capa comemorativa aos 27 anos da revista Caras que chegou às bancas no dia 20 de novembro.
– Tenho um quadro no meu canal (no YouTube) que chama Na Sua Cara, no qual eu reproduzo a minha cara, ou a cara da Diva More, nas pessoas. E foi isso que fiz com a Xuxa. Aproveitei, como ela amou todas as minhas fotos, reproduzi nela até o sinal de beleza que uso nas fotos. Isso me deixou muito lisonjeado – conta o maquiador.
A responsabilidade embutida na missão de transformar a Xuxa em drag pela primeira vez começou a ser sentida assim que Jônata recebeu um áudio da apresentadora, alguns dias antes de realizar o trabalho.
– Fiquei nervoso mas daí comecei um mantra, todo dia eu falava pra mim: “vou maquiar a Xuxa, vou maquiar a Xuxa” – conta.
Do dia especial que passou com Xuxa, o maquiador guarda na lembrança a atenção e o carinho recebidos da apresentadora. Isso até mesmo na hora da pausa para o lanche no meio do trabalho:
– Ela dividiu o pastel de banana dela comigo. Para mim, foi o ápice.
Baixinho para sempre
Eduardo Jônata nasceu em Jaquirana, mas deixou a cidade muito pequeno. Ainda na infância, morou em São Francisco de Paula e em Caxias do Sul, cidade da qual guarda uma memória afetiva relacionada à figura de Xuxa:
– Quando eu era pequeno em Caxias do Sul, me lembro muito de acordar de manhã e ir correndo para frente da televisão com um Nescau, um pão e ficar assistindo a Xuxa, vendo ela descer da nave. E sempre escutando aquilo que ela planta nas pessoas: ter esperança, não desistir. Com certeza, muito de eu ter saído do Sul, vindo para o Rio tentar a vida e correr atrás dos meus sonhos, com certeza é dado a isso – reflete ele.
Fã da apresentadora, Jônata chegou a tentar assistir a gravações do programa Planeta Xuxa, no Rio, mas nunca conseguiu entrar. O encontro com a ídola estava mesmo marcado para acontecer em 2020, num registro histórico para posteridade.
– Foi realmente um sonho. Até deixei as coisas que usei nela ali guardadas pensando “vai que a Xuxa se monta de novo”. Se ela ligar, tô pronta – brinca.
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