Das atrizes de destaque de sua geração, Ísis Valverde está no grupo das que escolheram viver desafiada pelo trânsito agitado entre o cinema e a televisão. Uma das artistas mais populares a passar pelo Festival de Gramado neste ano, a mineira fez questão de – ainda que grávida de sete meses – enfrentar o frio e a umidade serranos para divulgar seu trabalho mais recente nas telonas, o longa Simonal. Ela dá vida à personagem Tereza, esposa de Wilson Simonal (Fabricio Boliveira).
Em Gramado, Ísis comentou sobre a dificuldade de interpretar uma personagem feminina inserida numa época em que o contexto social era muito mais cruel com as mulheres do que hoje em dia. Na telona, sua personagem lida com diferentes situações de opressão nas décadas de 1960, 1970 e 1980
– Não nos livramos do machismo, não nos livramos das correntes, mas a gente está cada vez mais voando alto e alto. Para mim foi como uma maçã entalada na garganta fazer a Tereza algumas vezes, sabe? Eu queria matar todo mundo, eu tive enxaqueca, tive várias situações que você percebia porque tinha histeria, porque era tanta repressão, era tanto “você não pode”, “você tem que ser isso”, “fica aí na sombra”, “fica aí quieta”. Acho que o mais difícil foi mostrar as pétalas, mas não escondendo os espinhos que ela tinha. Você vê uma Tereza no início do filme e você vê essa Tereza se desfalcando, se despetalando, ao longo da história.