O longa Simonal, exibido na noite da segunda-feira dentro da mostra competitiva de longas brasileiros, não só narra as glórias e tragédias de um dos maiores cantores que a música brasileira já viu nascer. Abordando temas como o poder da mídia (as tão faladas fake news) e a polarização da política, a obra também fala muito do momento atual do Brasil.
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Durante coletiva realizada ontem, o ator Fabrício Boliveira, que dá vida ao protagonista, comentou sobre a reflexão sobre racismo que o filme acende.
— Abusado é o que eu ouço até hoje, sacou? É o que eu ouço na vida quando sou parado pela polícia, na rua, e me perguntam "por que você tem esse carro?" quando o que ele está querendo dizer é "negão abusado, por que você está andando no Rio de Janeiro com um carro importado?". Então, o possível arrogante, que foi um álibi para todo mundo ao falar do Simonal e explicar o porquê ele se deu mal, não funciona, não funciona mesmo. Qualquer negro que chegue nesse lugar, e eu sou uma raridade também, sei lá, tem eu mais quatro ou cinco num país que tem mais de 50% da população negra... Temos realmente um equívoco, tem alguma coisa muito errada que perdura desde essa época — discursou Fabricio, que atualmente também está no ar como Roberval, da novela Segundo Sol.
O ator revisita o termo injustiça racial para definir o que aconteceu com Wilson Simonal, vítima da disseminação equivocada de que teria ligação com a direita brasileira.
— O filme traz o caos que já era (na época) com relação à direita e esquerda e de como o racismo está para além disso, de como é mais delicada a situação. Independente de você estar de um lado ou de outro, você é negão neste país e você vai ter que lidar com isso a sua vida inteira. Não tenho dúvida, isso eu sinto na pele. Tem um lugar de rei que esse cara (Simonal) ocupou e puxaram o tapete dele, e quem virou rei foi o Roberto Carlos — opinou.
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