Um dos mais importantes legados musicais deixado pelo produtor porto-alegrense Carlos Eduardo Miranda, que morreu no último dia 22, poderá ser conferido no palco da Soal, em , nesta sábado. O sucesso imediato do Raimundos após o lançamento do disco de estreia, em 1994, abriu portas não só para a ousadia dos garotos de Brasília que misturavam hardcore com música nordestina, mas também para o produtor que, a partir dali, se transformaria numa das figuras mais importantes e reconhecidas do rock brasileiro.
— O Miranda sempre será o nosso pai, ele fez questão de gravar o Raimundos como era, sem firula e isso foi essencial para que tudo acontecesse — comenta o guitarrista e vocalista Digão, em entrevista ao Pioneiro por e-mail.
Assim como Miranda, o Raimundos ajudou a escrever frutíferos capítulos da história do rock entre os anos 1990 e 2000. De lá para cá, a banda enfrentou muitas mudanças de cenário e todos os tipos de perrengues internos — a saída do vocalista Rodolfo Abrantes, em 2001, foi provavelmente o maior deles —, no entanto sem nunca abandonar o ambiente onde mais reafirma sua proposta original: o palco.
— Traz uma energia muito grande — resume Digão, que junto com o baixista Canisso, compõe atualmente a velha guarda da banda que conta ainda com o guitarrista Marquim e com o baterista Caio.
A importância dos caras pode ser medida pelos incontáveis hits nascidos nos oito discos de estúdio lançados até aqui. São tantos sucessos radiofônicos que construir um repertório de show é sempre uma tarefa difícil para a banda. Digão explica que existe um set básico com as canções que "funcionam muito bem" e, a partir daí, o grupo vai adaptando o que dá pensando em agradar os fãs mais fervorosos e até os próprios integrantes. Atualmente trabalhando na divulgação do álbum Acústico, lançado ano passado, o Raimundos reveza-se entre compromissos plugados e desplugados. Em Veranópolis, eles poderão exercitar sua parte preferida do setlist.
— Adoramos tocar as mais pesadas, somos roqueiros toscos e gostamos do peso — confessa Digão.
Peso, aliás, também confere o clima do último trabalho de estúdios dos caras. Cantigas de Roda, lançado em 2014, marcou o abraço definitivo do grupo ao universo independente — depois de ter passado por grandes gravadoras como Warner e Deck. O disco foi viabilizado por meio do apoio dos fãs em crowdfunding. Digão, no entanto, é cauteloso ao falar sobre o processo de financiamento coletivo como um possível salvador contemporâneo da indústria fonográfica.
— Funciona bem para bandas conhecidas, mas quem colocaria seu dinheiro em algo que nunca viu? O futuro é fazer músicas legais, isso é o que vai fazer acontecer — sugere ele.
PROGRAME-SE
:: O quê: show da banda Raimundos (abertura com Guerrilla).
:: Quando: nás a partir das 22h.
:: Onde: Soal de Veranópolis (Avenida Pinheiro Machado, 770).
:: Quanto: ingressos a R$ 50 e R$ 70 (VIP), à venda e Veranópolis na Brava Vídeo, Embrasa Pub e Magistral e online pelo www.ingressonacional.com.br.
:: Reservas: pelo fone (54) 99657-5900.