Crhistian Omar Medina, 22 anos, deixa Caxias do Sul nesta quarta para seguir sua jornada pessoal, muito ligada com a estrada e com as vivências que nela moram. Até ontem, o argentino nascido em La Plata era um dos estudantes estrangeiros da UCS, cursando disciplinas para um mestrado em jornalismo. Chegou aqui em setembro de 2016, com a ideia de aprender um pouco mais sobre antropologia e sobre a sociedade brasileira. Neste período de "caxiense", trabalhou como sushiman, tradutor e professor de espanhol, mas nunca deixou de viajar. Pelo contrário, com residência fixa na Serra, aproveitou para fazer um mochilão pelo Brasil todo e iniciar uma pesquisa que pretende publicar em livro. Nesta quarta, Crhis viaja para Roraima, único estado brasileiro que ainda não conhece.
– No livro, vou contar minhas experiências aqui, minhas visões. Percebi que quase não há classe média no Brasil, é um país muito desigual. Se você nasce pobre, vai morrer pobre. Talvez falte uma revolução, um evento social – opina ele.
Formado em Relações Laborais na Espanha (país que visita regularmente para ver a mãe), Crhis aproveita as viagens para observar a maneira como as pessoas lidam com seus empregos e com o dinheiro que ganham. Em Caxias, admirou-se com a pressão para produzir muito no ambiente de trabalho, além da dificuldade de lidar com juros e créditos.
– Acho muito louco que o mercado anuncia pagamento só para abril, mas o que estou comprando vou comer hoje mesmo (risos) – brinca.
Apaixonado pela alegria de viver dos que cruzaram seu caminho por aqui, Crhis sempre procurou experiências que o conectassem a vivências e histórias, fugindo dos destinos famosos entre os turistas mais tradicionais. Acre, Pará, Piauí e Maranhão estão entre os Estados que mais curtiu conhecer. As viagens, sempre que possível, eram feitas de carona. Na estrada, Crhis tem tempo para colher muito mais histórias do que no ambiente formal dos aviões.
– Gosto de algo mais real, não como num museu, onde ficam te apontando as coisas que devem ser vistas. Das viagens, sempre levo as pessoas, não sou de comprar muita coisa, até porque não posso carregar mais de 20 quilos nas costas (risos). Minha filosofia é viver não só pelo material, mas pelas experiências e amizades – ensina.
Depois de Roraima, o viajante deve partir para a Indonésia, onde pretende realizar uma imersão junto a um grupo de indígenas e iniciar um doutorado. Outro objetivo do argentino é completar os 100 países visitados antes dos 30 anos – atualmente, são 37 – sempre vivendo intensamente cada uma dessas experiências. Você pode acompanhar tudo isso pelo instagram dele: @argentanha (as fotos abaixo foram “roubadas” de lá).