A polêmica exposição Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, banida do Santander Cultural de Porto Alegre em setembro e recentemente vetada pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), gerou discussão nesta quarta, na Câmara de Vereadores de Caxias. Dos 23 vereadores da Casa, 17 assinaram apoio a uma moção de repúdio promovida pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo sobre a Queermuseu. O documento deve entrar na pauta da Câmara na próxima semana. Em pronunciamento na sessão ordinária, o vereador Edson da Rosa (PMDB), um dos autores da moção, explicou que a iniciativa requer a retirada do livro (catálogo) da exposição do acervo da Biblioteca Pública Municipal.
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— Tenho o maior respeito pela arte, pela cultura e pelas manifestações artísticas. Agora, o que é que esse livro traz de conteúdo! E que, quando se bota em uma exposição e se manda para um setor público, tu já não tens mais controle de quem pode olhar. Inclusive, fere o Estatuto da Criança e Adolescente. E aí tem ali motivações para pedofilia, zoofilia, fere alguns conceitos religiosos. E quero dizer que, particularmente, como cristão, católico, me senti altamente ofendido pela blasfêmia e pelas injúrias que cometeram, como cristão — disse.
A moção traz várias acusações, entre elas a de que as cenas expostas na exposição "têm como objetivo estimular de maneira acintosa a violência contra a fé, as famílias, os cristãos e a todos os princípios éticos e morais da família brasileira".
A vereadora Ana Corso (PT) assumiu o contraponto da questão durante a sessão.
— Isso nada mais é que uma censura e eu sou contra a censura. Nós podemos lembrar lá atrás o nazismo. O que o nazismo fez? Ele queimou livros em praça pública e o caminhar das coisas, se a gente não botar um basta, vai chegar a esse ponto. Nós vamos querer queimar as obras em praça pública — disse ela, uma das que não assinou a moção ao lado dos vereadores Rodrigo Beltrão (PT), Gustavo Toigo (PDT), Elói Frizzo (PSB), Edi Carlos Pereira de Souza (PSB). Felipe Gremelmaier (PMDB) não pode assinar em função de ser presidente da Câmara.
A recente performance do artista Wagner Schwartz, que se apresentou nu no Museu de Arte Moderna e foi tocado por uma criança, também rendeu declarações raivosas (veja mais na coluna Mirante). Além disso, o vereador Chico Guerra (PRB) expôs ainda um projeto que proíbe a "construção, divulgação e apreciação de material que disponha ou faça referência à ideologia de gênero e/ou identidade de gênero nas escolas municipais de Caxias do Sul/RS".