Elke Georgievna Grunnupp saiu de São Petersburgo novinha e veio morar na roça no Brasil. Pequena, olhava os cabelos enormes das negras e quis ser assim. Inventou-se espalhafatosa, exuberante. Escolheu ser Maravilha, maravilhosa.
Foi atriz, modelo, jurada. Encarnava a alegria em figurinos ímpares. Eram sua alma, disse uma vez. A alegria, sua marca. Sorriso escancarado e um bordão que acolhia qualquer um: "Fala criança!". Pois foi assim, moleca, que saiu de cena, brincando com a morte, virando purpurina como diriam os gays, uma das tantas tribos que a idolatravam.
A russa mais Carmem Miranda do mundo morreu na madrugada de ontem, aos 71 anos, no Rio. Estava em coma induzido. Sofria de diabetes e não respondeu à medicação após uma cirurgia de úlcera.
Os caxienses viram Elke Maravilha esfuziante em agosto de 2004 (foto acima), quando o produtor Paulinho Silva a trouxe para a Living Disco. Maquiada por Pepe Pessoa, usando bijouterias de Andréa Mader, ela desfilou em carro pela cidade, "jantou" dez martelinhos de graspa e foi para a pista.
Sorriu o tempo todo. A vida fez o mesmo para ela: Drummond elogiou sua bunda, contava gargalhando. Dizia ter provado de tudo, da pinga ao crack. Sobreviveu como erê.
Frases de Elke Maravilha:
"Chacrinha era o melhor, Silvio Santos, o pior. Trabalhei com os dois."
"Os homens são melhores. Mulher deixa muito a desejar."
"Vivi cada coisa no tempo da mãe natureza."
"Fiz três abortos sem culpa. Ia fazer merda. Não sei educar criança."
"Sempre fui um trem meio diferente."
"É muito normal transar com tudo."