Quando a primeira câmera fotográfica chegou à casa dos Koppe, Clara inaugurou seu olhar para os jogos de lente e foco. Com a máquina colada ao corpo, olhando às avessas, usando espelho para reverter imagens, esboçou algo que os Os Fios de Luz contêm.
Nos 20 trabalhos expostos a partir de hoje no Campus 8 da UCS, há exercício de recorte, colagem e reorganização de imagens. A maior parte delas são de tons obtidos entre frestas de preto e branco. Os cinzas são, na interpretação da artista, os tais fios de luz que refratam muitos sentidos. Um deles alude à urbanidade e à arquitetura, referências recorrentes.
As cidades atraem Clara, que deriva pelos traçados das metrópoles também na construção de suas composições fotográficas. Em algumas, fios de algodão colorido redesenham vetores, costuram linhas para o olhar. Esses materiais reverberam procedimentos dos tempos de professora de escola pública: diversidade para seduzir, estratégias para ensinar, recursos para resguardar criatividade. E resistir.
O exercício se repete também em outras técnicas como a gravura em metal e as xilogravuras. Os trabalhos são orientados por Anico Herskovits, que usa um substantivo recorrente para as criações de Clara Koppe: desassossego.
É isso que marca o cotidiano da artista. Para Clara, os tempos do analógico permanecem mesmo quando a contemporaneidade quase impõe o digital ao dia a dia. Mas o computador e seus programas limitam o gesto da artista.
Ela então insiste em manipular o escuro em busca de frames, fractais e fachos de luz, reaproveitando os experimentos “descartados” do pinhole, revelando matizes para o cinza. Uma poética entre a metalinguagem e o lúdico, a racionalidade e a emoção.
– É bom de olhar, respiro mais, penso mais – diz a artista.
Artes Plásticas
3por4: Clara Koppe abre exposição "Os fios de Luz" nesta quarta
Trabalhos que exploram tons de cinza e a cena urbana estão no Campus 8
Carlinhos Santos
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