Já faz alguns dias que eu conversei com uma amiga sobre como é difícil aceitarmos certas coisas boas que acontecem com a gente. Talvez nem todos concordem (ainda bem), mas tem vezes que eu levo algum tempo para aceitar que a vida também vai nos entregar momentos maravilhosos e que recusar a aceitá-los é perda de tempo.
Sabe aquelas notícias que ninguém estava esperando e que chegam na hora mais difícil? Ou a conquista de um sonho antigo, um romance que aparece com vontade de vingar, e até mesmo aquele atendimento excepcional da atendente do telemarketing? Pois é, nem sempre estamos acostumados com algumas coisas básicas – e eu uso essa palavra porque acho que as coisas boas não deveriam ser regalia, ou ainda uma espécie de ticket dourado super-raro.
Contudo, crescemos imersos na cultura do inalcançável – o que eu quero está longe demais, o que eu tenho já não dou tanta importância. Somos doutrinados a buscar a perfeição, e eu sinceramente acredito que ela não exista. Ao mesmo tempo, que bom que a palavra em si existe, pois assim nos motivamos a melhorar sempre. Acontece que esse caminho não precisa ser de barro e poças de água das consecutivas tempestades – nem sempre. O bem também vai nos encontrar por aí, e precisamos estar preparados para recebê-lo.
Não sei se a culpa é do meu pensamento catastrófico por sempre esperar o pior ou se sou eu mesmo quem se acostumou a pensar que nem sempre viveremos tudo aquilo que desejarmos e da forma que desejarmos, visto que a vida está repleta de obstáculos necessários. Acontece que o problema talvez seja este mesmo: a culpabilidade que colocamos nos nossos próprios ombros, como se tivéssemos que sofrer para aprender, chorar para merecer ou lutar para seguir em frente.
Sim, vai ser difícil. Quase tudo que a gente conquista pra valer não vem da maneira mais fácil. Mas sim, as coisas boas também acontecem. E sabe o por quê? Porque merecemos.