O céu se fecha de uma hora para outra e você nem mesmo tem um guarda-chuva para te salvar. É uma tempestade inesperada, daquelas que a gente tenta evitar a todo custo, e sair molhado é o menor dos problemas, já que parece que tudo acontece quando chove. Turbulências vêm e vão, você já não sabe mais quem vai ou quem fica. Raio atrás de raio, trovoadas e vendavais depois, a chuva enfim passa. E todos estamos vivos. São nuvens necessárias. Essa foi a expressão que usei para explicar para uma amiga o por que de passarmos pelo que passamos e quando ou como passamos. No momento da tempestade, quase nada faz sentido. É como se tivéssemos sido escolhidos a dedo em meio a sete bilhões de pessoas: essa tragédia vai ser tua, só você pode passar por isso. Imediatamente recusamos, não achamos justo, queremos que tudo termine de uma vez sem nem tentar entender a necessidade de certos dias ruins que vez que outra nos encontram. Eu sei que os últimos tempos estão querendo nos provar o contrário, mas no fim o sol sempre chega. A calmaria vem quando pensamos que a tempestade já desistiu de ir embora, que ela faz parte do nosso dia a dia e que olhar para cima e encontrar um céu cinza é só um hábito com o qual temos que nos acostumar. Contudo, quando enxergamos o primeiro raio de sol, tímido que só, é aí que as tais nuvens necessárias passam a fazer sentido.
Quando eu era pequeno, lembro que a viagem para a praia era guiada pelo som do Jota Quest no rádio do carro. Eu cantava “dias melhores pra sempre, dias melhores virão”, sem nem saber direito o que aquilo significava. Acho que a gente vai perdendo a inocência e ganhando um montão de problemas. Dizem que essa é a graça de ser adulto, né? Saber enfrentá-los (e principalmente ter a certeza de que precisamos enfrentá-los).
Não é como se merecêssemos passar pelo que passamos, é só que eu prefiro acreditar que nós precisamos passar pelo que passamos. Em meio aos dias feios, descobri que tudo é processo nessa vida, sejam as dores, os amores, os traumas, ou até mesmo o próprio amadurecimento pessoal. Então deixa chover. Lá na frente você vai lembrar que mesmo sem um guarda-chuva você cruzou a tempestade e permaneceu inteiro para conseguir ver o sol. E a parte mais legal vai ser saber que você foi maior que tudo isso.
No fim das contas e das gotas, essa é a vida e ela tem que ser vivida, independente da tempestade. Agora quando eu escuto a música do Jota Quest de novo, bem naquela parte que diz “será que todo dia vai ser sempre assim?”, eu já sei a reposta: não.
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