A apreciação do belo e da arte são recursos que nos permitem retornar a uma concepção mais precisa do que é valioso ao operar contra o hábito de enxergar as situações de maneira mundana. Poucas pessoas são capazes de observar a aparência e notar sua melhor face. Para a confeiteira Karla Ortiz Ferraro observar o mundo de maneira sensível sobre todas as coisas, é essencial.
— Busco inspiração em emoções, boas conversas e na paixão que tenho pela confeitaria. Minha profissão ficou ainda mais prazerosa quando descobri que as coisas mais simples também podem ser belas — conta Karla, filha de Pedro Arnaldo Ferraro e Carmen Lucia Ortiz Ferraro, natural de São Paulo, e há muito radicada em Caxias do Sul.
Se concordarmos que é importante dar um rumo às emoções como parte do processo criativo na cozinha, então reconhecemos que conectar pessoas é uma habilidade tão essencial quanto dominar as técnicas de preparo. Karla é assim, aprecia estar na companhia da família e dos bons amigos que a estimulam a criar.
— Minha principal função é preparar o doce, já as habilidades necessárias para isso são muitas. Tem que ser criativo, dinâmico, perfeccionista, buscar sempre isso, ter visão mercadológica e estratégica, logística e organização — declara a amorosa mãe de Tomás Ferraro De Bastiani (8 anos), de Benício Ferraro De Bastiani (1) e apaixonada esposa de Luís Fernando De Bastiani — Hoje se pudesse voltar no tempo viajaria, moraria um tempo fora da minha cidade e do país, faria diferentes cursos, para ter convicção de que esse é o caminho. E entender que é um trabalho que exige muita dedicação e que é importante gostar daquilo que se faz, pois a confeitaria estimula o empenho constante — complementa Karla ao deixar uma valiosa dica para aqueles que desejam seguir os mesmos passos.
Ainda que exista tamanha sintonia com a profissão de confeitaria, nossa entrevistada iniciou sua trajetória na Psicologia.
— Não sou uma pessoa muito planejada, prefiro a fluidez dos acontecimentos. Assim foi, deixei de investir na Psicologia quando o Tomás nasceu, não tive mais como ir em busca de novos pacientes, novos conhecimentos e fui me interessando cada vez mais pelas celebrações, pelas embalagens, por esse outro universo, literalmente, mais doce — revela.
A curiosidade é uma das muitas características que Karla pretende deixar como herança para seus filhos. Independentemente do caminho que escolham seguir na vida adulta, o importante é sempre ir em busca de novos desafios.
— Tenho boas lembranças da infância, convivia muito com meus avós, lembro de como gostava de estar com eles, minha avó Maria das Mercês Ortiz cozinha muito bem, ainda aos 89 anos está sempre inventando algo. Quando criança, ficava pelos arredores, os aromas e sabores me encantavam. Bons pratos sempre me trouxeram alegria e aconchego, e lembro que quando ela saia, eu aproveitava para me arriscar a fazer um bolo junto com meu avô Aurílio Clímaco Ortiz (in memoriam), essa era minha realização. Meu filho mais velho, de vez em quando, quer testar alguma receita que assistiu no YouTube, ele também curte a cozinha e o pequeninho então, a gente brinca que ele será meu sucessor, adora o vum vum da batedeira. E acredito que quando a gente gosta de alguma coisa, sempre acaba vindo ao nosso encontro — conta ela ao traçar um paralelo de sua infância com a de seus filhos.
Após rememorar o início de sua trajetória na confeitaria e declarar seu amor pela família, Karla finaliza: — Acredito no ser humano, gosto de estar rodeada por gente. Não tolero injustiças. Adoro uma frase da Monja Coen que diz o seguinte: não se sinta melhor nem pior do que ninguém.
Três questões sobre Karla:
- Um ambiente equilibrado é aquele: Que tem boa comida, boa conversa, boa energia e boa sintonia.
- Um desejo: Tempo, esse é meu desejo constante.
- Uma mensagem aos leitores: Que a vida seja doce!