Não sou um homem inclinado à pratica de rituais. Tento pertencer à ordem dos dias e ao que eles me apresentam, sem fazer da expectativa uma esperança tantas vezes malograda. Gosto de seguir em frente como se fosse um marinheiro sem bússola, sabendo que posso eventualmente ficar à deriva; mas em outras consigo ser o timoneiro do barco que me conduz a algo parecido com a felicidade. Porém, sei como é vital para a maioria das pessoas, nesta passagem de ano, comemorar, seguir uma norma de comportamento que inclui festas e espocar de fogos. Marcar esse momento como se tivéssemos algum controle sobre o futuro nos garante uma tranquilidade provisória. Não sou adepto, mas reconheço o valor simbólico que isso representa. Espio pelas frestas esse período tão solar, em que cada um carrega pacotes e afeto e, de certa forma, também me sinto inserido. Busco não estabelecer planos mirabolantes, sou mais dessas decisões modestas que quase nem são percebidas quando se infiltram no nosso mundo. Também vejo com simpatia o empenho para romper com hábitos nocivos à saúde e à mente. Dezembro é um bom mês para isso. Março também. E ouvi dizer que excelentes resultados são obtidos em outubro. Tudo cabe no humano quando a vontade e o esforço se juntam para mudar algo que obscurece a alma.
Opinião
Gilmar Marcílio: para o ano que chega
Não sou adepto de rituais, mas reconheço o valor simbólico que eles representam
Gilmar Marcílio
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