Entre os que acompanham a geopolítica internacional, essa guinada à direita no parlamento da União Europeia não pegou ninguém de surpresa. Sinceramente considero os termos “esquerda” e “direita” toscos e simplórios para sequer tentar começar a explicar a complexidade dos tempos em que vivemos. Na verdade, estamos é passando por um retrocesso de embate entre civilização e barbárie.
A “direita” — com representantes de centro-direita, ultradireita e extrema-direita – ganhou o voto popular na Europa porque os europeus estão com medo, real e justificado, de perderem completamente sua identidade e seus direitos por causa da imigração desenfreada e ilegal. Tornaram-se comuns atentados provocados por radicais religiosos, crimes de roubo e latrocínio perpetrados por bandidos vindos de outros continentes, estupros e depredação de patrimônio. Quem esteve na Europa no começo dos anos 2000 e retornou para lá duas décadas depois testemunhou uma decadência gritante: mais lixo, mais moradores de rua, mais caos e falta de respeito às leis e às regras de convívio em lugares que antes eram exemplo de civilidade.
É isso que acontece quando o pêndulo é empurrado demais para determinado lado. A chamada “esquerda” sempre vem com um discurso de que é “boazinha”, “compreensiva”, “acolhedora”, mas na ânsia de fazer o bem “não importa a quem” acabou sendo extremamente permissiva. Pior: na Europa, por causa da sinalização de virtude e do politicamente correto, os progressistas literalmente importaram problemas que agora não conseguem resolver. Incapazes de oferecer soluções, perderam apoio no voto. O que uma eleição busca, além da alternância do poder, é tentar reestabelecer o equilíbrio entre forças discordantes num ambiente democrático. E foi o que aconteceu: um recado para recolocar o pêndulo no centro.
Aqui no Brasil tem sido interessante acompanhar as narrativas decorrentes dessa guinada da Europa para a direita. Observo que muitos formadores de opinião servis à determinada corrente progressista têm abusado do termo “extrema direita” para rotular qualquer um que discorde um milímetro da agenda da esquerda radical, que por sua vez jamais é chamada de “extrema esquerda”. Gostaria que me explicassem o que há de extremo numa população que pregou a simples volta do bom senso em seu território. Um povo que condena a violência, a barbárie, o apagamento de sua cultura e o desrespeito às suas leis é extremista?
A palavra “extremidade” tem origem no latim. Deriva do termo “extremitas, extremitatis”, que significa “fim, limite, a parte mais distante”. Nos dicionários, as definições de “extremo” o relacionam à linha que estabelece os limites de alguma coisa, à beirada e à borda. Buscar o reequilíbrio e o bom senso é o contrário disso, é nos recolocar no centro, numa zona mais segura. Contudo, quem insiste em balançar o pêndulo até as extremidades está nos colocando à beira do precipício enquanto civilização.