A adega Tradição da Grutinha, localizada na Estrada Municipal Valmor Sirtoli da 3˚ Légua de Caxias do Sul, está investindo cada vez mais em vinhos finos. Embora seja mais conhecida pelos de mesa, com 1,3 milhão de litros produzidos por ano, hoje quase a metade de seus vinhedos já é de viníferas. Após lançar, neste ano, sua primeira linha superior sob a marca Grutinha Fratelli, um Tannat com passagem de 12 meses por barrica, a vinícola lança agora o seu primeiro Chardonnay Reserva, um Rosé de Merlot e Tannat e seu primeiro espumante Brut.
Da área própria de cultivo, hoje a Tradição da Grutinha já tem 10 hectares de vinhedos finos. Outros 12 são de uvas americanas, mas a vinícola compra também de outros produtores já que vende garrafões e pets para o Brasil inteiro, sendo Minas Gerais o Estado que mais compra depois do Rio Grande do Sul.
A produção de finos chega a 100 mil litros por ano. A ampliação do projeto ocorre quase 20 anos depois de lançar o seu primeiro Merlot e importar as primeiras viníferas. As mudas de Merlot vieram em 2000 da Itália. Em 2007, importaram o Tannat da França que se adaptou muito bem ao solo e ao clima da região, já que o vinhedo fica em cima de uma encosta com muita insolação e que bloqueia boa parte da umidade tão característica da Serra.
A qualidade das uvas plantadas é uma recompensa pela fé da família Sirtoli acostumada a lidar com a “agricultura heróica” da Serra, especialmente nesta região de Caxias onde sofrem com a falta de água até para as atividades do dia a dia em períodos de seca mais intensa.
Mas as santas padroeiras da família ajudaram o negócio, fundado em 1970 por Clélio Sirtoli, a prosperar. Não à toa a vinícola leva no nome a palavra grutinha, já que é vizinha à formação de pedras que abriga a imagem de Nossa Senhora de Lourdes. Fé herdada pelos descendentes que “escalaram” a produção, Valdomiro, Olivir, Valmir e Valmor (in memoriam). E que segue com a terceira geração que hoje está mais à frente do negócio, com Márcio Sirtoli e primos. E os sinais divinos indicam que chegarão a quarta linhagem. Se depender da fé da família, com certeza.
– Somos devotos de Nossa Senhora Aparecida e meu filho mais novo nasceu no dia 12 de outubro – conta Sirtoli sobre o bebê que ganhou nome de anjo, Miguel, o irmão de Manuela, de dois anos.
Além da fé, o trabalho intenso é outra das marcas da vinícola, onde 13 pessoas, entre familiares e funcionários, são responsáveis por um negócio que envolve mais de 1,8 milhões de litros/ano, se incluir também a produção de sucos de uva.
Por tudo isso, um dos espaços preferidos de Márcio é a adega que o avô criou quando ampliaram a área de expedição das garrafas. Toda feita em pedra, é lá que estão armazenados os produtos de guarda. Melhor ainda quando esses vinhos são saboreados no local que remete à toda a tradição da família, marcada pela fé e o trabalho.
– Ajudei a carregar muita pedra para as nossas construções e, quando a gente abre um vinho, parece que sentimos o gosto de satisfação pelo trabalho, desde a dedicação na parreira até a chegada à mesa – define o produtor.