Natural de Nova Araçá e moradora de Caxias desde 1998, a Relações Públicas (RP) Kelen Turmina, 42 anos, assina um capítulo do best-seller As Donas da P** Toda, livro sobre empreendedorismo feminino lançado no fim do ano passado. Logo nos primeiros meses, a publicação já havia sido listada entre as obras mais vendidas do país.
Kelen assina o capítulo Empreender é uma Decisão. Nele, a RP conta sua trajetória profissional até decidir empreender, aos 39 anos, e os aprendizados nessa jornada. Desde 2019, está à frente da MAK Agência de Relações Públicas, sediada em Caxias do Sul.
O capítulo traz os conhecimentos adquiridos por Kelen especialmente durante o período na Academia de Mulheres Empreendedoras (AWE, em inglês), programa da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Kelen foi selecionada em 2020.
— Me perguntam como eu faço para dar conta de todas essas atividades e eu digo: sou uma RP nata. Organizo minha jornada.
A obra As Donas da P** Toda, publicada pela editora Literare Books International, conta com a participação de 34 mulheres. Kelen é a única da Serra e fará parte do terceiro volume, com previsão de lançamento no final do ano.
Você trabalhou em diversas empresas nacionais e multinacionais de diversos segmentos. Como essas experiências te incentivaram a empreender?
Quando eu comecei a faculdade no curso de Relações Públicas, tinha o sonho de trabalhar em grandes empresas. Então eu me foquei nisso. Ainda estudando, trabalhando como operadora no Sine, quando surgia oportunidade de trabalhar a comunicação eu me oferecia para ajudar. Depois fui trabalhar com endomarketing na Guerra. Fiquei lá por três anos. Depois, atuei na implantação na comunicação interna da Tabone. Trabalhei nas Empresas Randon. E depois surgiu a oportunidade de trabalhar na CPFL Energia, em Campinas. Aí os chineses compraram e tivemos toda uma imersão na cultura deles. Mas eu sempre olhava todo esse aprendizado que tive pelo lado do dia que poderia empreender. Comecei a idealizar meu negócio com base nos aprendizados, e eu consegui ter uma visão bem ampla do mercado. Nesse meio tempo, fiquei respondendo por anos na diretoria do conselho de RP no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que também me abriu um leque de contatos. Eu gosto de ampliar a visão. Sair de dentro do nosso bairro, município, e ter uma visão de fora para poder agregar valor.
Como veio a ideia do livro?
Quando comecei a empreender, vi que estava tendo um curso internacional da Embaixada Americana na área de empreendedorismo. Me inscrevi no curso que era para quem morava em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Vai que abre possibilidade no Rio Grande do Sul... E acabei selecionada. Em março do ano passado, eu vi que estavam selecionando escritora para um livro. Eu entrei em contato com a editora, e o livro vinha ao encontro do que eu queria, que era compartilhar aquele conhecimento de empreendedorismo. Então me dei de presente de aniversário, porque precisava entrar com uma participação financeira. Com a pandemia, ele foi lançado presencialmente, em fevereiro. No online, em dezembro, ele vendeu 3,2 mil cópias em uma semana e subiu para a categoria de best-seller, com pedidos nos Estados Unidos, Europa e Japão. Em fevereiro, ele entrou no ranking de mais vendidos da Veja e PublishNews.
E que histórias de empreendedoras vocês destaca no livro?
As coautoras eu fui conhecer na reunião com a editora. Mas os propósitos eram muito semelhantes, ajudar a inspirar outras mulheres. Mostrar que a gente pode mais. Muitas vezes, as mulheres colocam alguns limites onde não tem. Um exemplo é de uma empreendedora, Claudete Klayme, de Cascavel (PR), que tinha um negócio na pandemia, na área de gestão de pessoas, que ela precisou interromper. Aí ela começou a trabalhar na chapeação do marido. Ela trabalha hoje com polimento de veículos. Só que ela virou referência nisso. E naquilo que ela nunca se imaginou.
Quais são teus planos na área de negócios e agora como autora de livros?
Quero seguir na área de mentorias, para empreendedoras de todo o Brasil. A Mack, eu reestruturei ela. Hoje trabalho com um hub de comunicação com empresas daqui, Brasil e uma do Exterior. São pessoas de comunicação que atuam empreendendo. O hub é onde a gente fortalece esses profissionais com comunicação integrada. E com relação aos livros, eu já estou no livro 3 de As Donas da P** Toda. O livro 2 foi lançado em fevereiro, junto com a primeira edição, da qual eu faço parte. No terceiro, mais de 150 coautoras mulheres vão participar. Será o maior livro escrito por mulheres empreendedoras no Brasil.
Qual a dica que você deixa para as mulheres que querem empreender?
Empreender é difícil, principalmente para mulheres, mas via isso ocorrer muito mais por necessidade do que hoje, quando vejo que empreender ocorre muito mais por opção, como uma forma das mulheres realizarem seus sonhos, de gerirem seus negócios e também de manterem o equilíbrio com a vida pessoal. Eu ouvi de uma empreendedora do Rio de Janeiro que, no momento que ela engravidou, teve clientes que suspenderam contrato por isso. No meu segmento de comunicação, estamos em um mercado onde homens dominavam, mas agora a maior parte do meu contato com clientes é feita com mulheres. Mesmo que muitos donos sejam homens, quem me contata são mulheres. Eu acredito que, com o tempo, as diferenças vão sendo superadas, e haverá um espaço maior para o empreendedorismo de mulheres.