Em outras ocasiões em que a Marcopolo anunciou quantias milionárias recuperadas em movimentos envolvendo créditos fiscais, a fabricante de ônibus caxiense mencionava a expectativa relacionada a uma ação da Ciferal que poderia sair a qualquer momento, mas que ainda não era possível estimar o montante envolvido. Pois, nesta semana, a companhia informou ao mercado o total previsto: R$ 383 milhões.
Segundo o comunicado, a quantia envolve o valor a ser recuperado a partir da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, da companhia e suas controladas Ciferal e Volare, a partir da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre este tema.
A Marcopolo informou ainda que os valores serão contabilizados nas demonstrações financeiras consolidadas da companhia no mês de junho. No ano passado, companhias de capital aberto de Caxias aproveitaram esta situação para incrementar os balanços e compensar a queda de receita em função da paralisação de produção nos momentos mais críticos de pandemia.
Wagner Salaverry, sócio da Quantitas Asset, gestora de fundos gaúcha que acompanha movimentações de grandes indústrias da Serra, destaca a importância do valor apurado para a Marcopolo.
— Esses recursos serão muito relevantes para a Marcopolo, com uma redução efetiva de desembolsos relacionados aos impostos federais e que poderão ser absorvidos pelo uso desses créditos nos próximos quatro anos, dependendo dos resultados da companhia — aponta o analista.
O Bradesco fez uma estimativa que esses valores representam cerca de 9% do valor de mercado da Marcopolo. Com isso, as ações da companhia chegaram a subir 5% na bolsa de valores brasileira na manhã desta quinta (1).
Para se ter uma ideia do tamanho deste montante da Marcopolo, no ano passado, o grupo Randon somou o reconhecimento de uma receita de R$ 860,8 milhões referentes à vitória em vários processos tributários das controladas Jost, Master e Fras-le, mas somente R$ 82 milhões foram reconhecidos no decorrer de 2020.