A coluna divulgou nesta semana a notícia de que uma comitiva da Fraport, multinacional alemã que administra o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, visitou Caxias do Sul, atiçando as especulações sobre a concessão do terminal Hugo Cantergiani à iniciativa privada. A possibilidade de privatização do aeroporto regional, no entanto, é totalmente rechaçada por especialistas do setor.
Uma dessas vozes vem de Henrique Elustondo, ex-administrador do Hugo Cantergiani:
– Essa visita é de cortesia, uma jogada política e uma busca de aproximação com a Serra. Você sabe o tamanho da Fraport? Eles nunca se interessariam por um aeroporto tão precário quanto o nosso. E também não seria estratégico tirar o movimento do público da região na Capital – rebate Elustondo, que ficou à frente do terminal por quatro anos, na gestão do então prefeito José Ivo Sartori.
Ou seja, como as passagens aéreas via aeroporto local são normalmente mais caras, o público de Caxias e região não raro se desloca a Porto Alegre para embarcar. Além disso, com o frequente “fechamento” do aeroporto, por questões meteorológicas, é comum o desvio dos passageiros para o Salgado Filho. Movimentos assim reforçam a importância dos clientes da Serra no Salgado Filho, em detrimento do investimento em cidades menores, como Passo Fundo e Caxias do Sul, o que pode inviabilizar voos regionais.
– Investir em Caxias seria tirar o movimento de lá, também inflado por cidades turísticas como Gramado, Canela e Bento Gonçalves. O aeroporto daqui está fadado a sumir com a vinda do de Vila Oliva – sentencia.
Além disso, os empresários de Caxias enxergam na Fraport ótima candidata a cliente de seus produtos e serviços. Por isso, toda a relação entre a empresa e a cidade é plenamente justificável e já representa altos voos.
Henrique Elustondo defende o novo aeroporto de Vila Oliva, bandeira em favor da infraestrutura tão bem empunhada pelo empresário Nelson Sbabo (falecido recentemente, em 6 de junho), que poderia ser elevado ao patamar de um terminal regional, agregando as regiões turísticas das Hortênsias e da Uva do Vinho. E mais: se confirmado, esse investimento de envergadura em transporte aéreo de cargas e de passageiros também atrairia, segundo ele, o Sul de Santa Catarina, incluindo Chapecó, região com 2 milhões de potenciais clientes. Para isso, além do esforço junto a órgãos públicos, fazem-se necessários a união de forças entre municípios e o pensamento coletivo em favor do desenvolvimento e do turismo de lazer e de negócios.
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