Pela primeira vez em 10 edições, Caxias do Sul está fora do Dia do Vinho –que não é um dia, mas compreende duas semanas de extensa programação alusiva à data de Baco. Nasceu como Dia Estadual do Vinho, mas, como extrapolou as fronteiras gaúchas, o evento passa a denominar-se Dia do Vinho Brasileiro.
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Ao mesmo tempo em que ganha projeção no país e acréscimo anual de municípios, empresas e entidades participantes, o evento lamenta uma baixa significativa: neste ano, Caxias do Sul não aparecerá nem nos materiais de divulgação, nem na programação e nem nas ações de marketing. Perde mais uma vez a oportunidade de constar no mapa vitivinícola e turístico.
Ironicamente é a metrópole financeira entre os 19 municípios atendidos pelo Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria – Região Uva e Vinho (Segh), que, ao lado do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), coordena a festividade. Caxias do Sul inclusive é sede do Segh e cidade de seu presidente, o empresário Vicente Perini Filho, que lamenta a desistência.
– A gente quer todo mundo trabalhando junto. Todo mundo perde – afirma à coluna o dirigente, projetando incremento de 10% na ocupação hoteleira sobre o mesmo período do ano passado.
Ocorre que a concretização do planejamento e da divulgação do agora Dia do Vinho Brasileiro envolve custos com banners, redes sociais, materiais de divulgação, folders, organização da programação, entre outras demandas. Com isso, um comitê organizador (formado pelas secretarias de Turismo dos municípios participantes e entidades parceiras) estipulou cotas para que as prefeituras se engajem nas festividades. Os valores simbólicos vão de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil, dependendo do porte da cidade. No caso da prefeitura de Caxias do Sul, o valor do termo de adesão seria de R$ 3 mil, no que a Secretaria Municipal de Turismo teria respondido "não" à proposta, com a justificativa de que "não temos condições".
Em 2018, Caxias também não investiu no Dia do Vinho, mas o Segh resolveu bancar a cota para manter a cidade em evidência, pelo impacto negativo que isso causaria. Em 2019, a decisão do comitê organizador, que abrange inúmeras entidades ligadas à cadeia vitivinícola, resolveu que isso não seria justo com os demais municípios, como Nova Pádua, que assinou a adesão nesta edição.
– Não é uma retaliação. É, sim, uma dor – frisa Marcia Ferronato, diretora executiva do Segh.
Participarão do Dia do Vinho Brasileiro mais de 40 municípios em em seis Estados – Rio Grande do Sul, Bahia e São Paulo e os estreantes Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. O evento será lançado no dia 30 de abril (próxima terça-feira), em Monte Belo do Sul. Mas ocorrerá entre os dias 17 de maio e 2 de junho. Durante 15 dias, haverá atividades simultâneas em cidades e roteiros turísticos, restaurantes e hotéis. Vinícolas comercializarão vinhos com preços promocionais e promoverão degustações temáticas. Monte Belo do Sul, por exemplo, realizará o 10º Polentaço, ação que caiu no gosto do público e integra a 8ª Festa do Agricultor, nos dias 18 e 19 de maio.
– A diversidade de atrações, os descontos, que neste ano chegam a 50%, e o fato de atingir mais três novos Estados são motivos para brindarmos a 10ª edição do Dia do Vinho. Podemos dizer que alcançamos uma década com energias renovadas e prontos para atrair mais regiões, despertarmos ainda mais turistas e, como não poderia deixar de ser, de aquecermos as vendas de vinhos neste período – projeta o presidente do Ibravin, Oscar Ló.
A saber: a lei que instituiu o Dia do Vinho no Rio Grande do Sul no primeiro domingo de junho de cada ano foi promulgada em 12 de dezembro de 2003. O projeto partiu do então deputado estadual Iradir Pietroski.
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