Não é apenas voltar a produzir. Não é apenas convocar os trabalhadores para compensar as horas paradas em sábados. Não é apenas retomar do ponto em que a indústria caxiense se encontrava.
Retrocederemos muito mais. Isso porque os 10 dias de paralisações escancararam ao mundo um país que não passa seriedade, segurança e autoridade. Credibilidade em xeque representa fuga de investidores. Incertezas no ar significam negócios protelados.
E essa fragilidade ameaça parcerias internacionais. Como consequência, além dos dias parados, sem produção e faturamento, haverá custos extras relacionados ao aquecimento de caldeiras e fornos e à manutenção de máquinas.
No caso das indústrias exportadoras, o receio envolve ainda cancelamentos e multas pelo atraso de entregas, além da imagem arranhada que compromete contratos futuros.
A engrenagem da economia não poderia ter sofrido essa pausa de 10 dias, que resfria os ânimos e coloca em suspense o ritmo de retomada que vinha sendo empregado pela indústria e por outros setores.
Com a indústria parada, as entregas de mercadorias também terão um delay. Essa demanda reprimida levará tempo para ser compensada. Tempo esse que a economia não teria para esperar.
A saber: R$ 2,9 bilhões são as perdas estimadas para o segmento industrial gaúcho, com uma contribuição significativa do polo metalmecânico da Serra, nos 10 dias de manifestações e caminhões parados. O cálculo foi divulgado pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).