A confirmação de que os novos pórticos de cobrança entrarão em funcionamento no dia 30 de março e a reunião-almoço da CIC na última segunda-feira (18), quando o diretor-presidente da CSG falou sobre o andamento do processo de concessão, levaram o tema pedágios novamente ao debate público. E creio que isso é bom, pois trata-se de um assunto que precisa ser mais compreendido pela comunidade.
Concordo que pagar pedágio causa uma sensação ruim. Fica aquela impressão de que está se pagando, de novo, por algo que já deveria ter sido feito com a enorme quantidade de impostos recolhidos pelos governantes. E, no caso do que se pagará aqui na Serra, isso se aprofunda, pois a tarifa é mais cara em comparação com outros pedágios.
Uma viagem de carro entre Caxias e Porto Alegre, ida e volta pela RS-122, custará R$ 46, e o trajeto de Bento para a Capital sairá por R$ 44,40. Sem dúvida são valores altos, mas alerto: teremos que nos acostumar a eles, e há muitas razões práticas para isso.
A primeira questão é que os pedágios estão aí, e não vão embora tão cedo. Há um contrato de 30 anos para ser cumprido, e o fato de muitos acharem caro ou injusto não vai mudar em nada a situação. Houve uma discussão com a região, muitas lideranças e entidades apoiaram a implantação deste polo de cobrança, e sempre ficou claro que os valores não seriam baratos. Uma eventual rejeição ao modelo teria que ter vindo antes.
O outro motivo eu resumo perguntando: qual a alternativa aos pedágios? Alguém tem alguma sugestão realmente viável para que as estradas da região possam receber um mínimo de investimento?
Ah, não vale dizer que o dinheiro do IPVA deveria cobrir isso. Ideal até que pudesse ser assim, mas temos que enxergar a realidade e ver que este e outros impostos caem no caixa do estado e hoje são suficientes para pagar salários, e olhe lá. Não sobra quase nada para investimento, e por mais otimista que se possa ser, não há como imaginar que isso vá mudar tão cedo, independentemente de quem esteja no governo.
Dessa forma, sinceramente, e por mais incômodo que seja admitir, não temos alternativa. Ou a Serra se acostuma com os pedágios, ou vai ficar com as mesmas estradas esburacadas e sem estrutura que estão aí há décadas. Não tem cabimento que, em pleno 2024, não exista um trajeto duplicado entre Caxias e Bento, e entre essas duas cidades e Porto Alegre. O quanto isso custa em termos humanos e econômicos precisa ser levado em conta na hora de pagar as tarifas, que ficaram mais caras do que em outros pontos pelo fato de que estão previstas obras como essas duplicações, além da eliminação do trecho onde está a fatídica “Curva da Morte”, que há décadas faz vítimas e gera sofrimento, e que segue lá, sem solução.
As pessoas então devem simplesmente aceitar tudo, e ficar inertes? Nada disso, mas é preciso entender qual papel cumprir agora. A concessionária está recebendo os recursos, e precisa devolver isso em obras e serviços previstos em contrato, e que não são poucos. O momento é menos de lamento, e mais de cobrança e fiscalização.