Adriana Antunes
Sou apaixonada por insetos. Talvez esse seja um resquício da infância em mim. Quando era criança passava horas observando os insetos no jardim da casa de minha mãe. Gostava de saber quem eram, do que se alimentavam e qual era a sua função na natureza. Pensando hoje, depois de adulta e apaixonada também pela poesia de Manoel de Barros, nada no mundo carece de uma função. Padecemos da falta de poesia. Mania que temos de capitalizar tudo. Às vezes penso que decidi ter um jardim para poder atraí-los. Entre os muitos besouros, grilos, abelhas, toda primavera aparece a Esperança. Verde, pequena e de pernas compridas, esse inseto precisa de um olhar atento e paciência para enxergá-lo. Camuflado entre as folhagens, com seu corpo em formato de cilindro e se parecendo com uma folha, para não me perder, procuro por suas antenas, que são maiores do que seu corpo. É pelas antenas que esse inseto miúdo tateia o mundo.
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