Quinta-feira passada pela manhã, logo cedo, chegaram as máquinas e as serras elétricas. Logo logo o canto dos passarinhos foi abafado pelo som do progresso. E digo-lhes, o progresso tem som de tristeza. Em poucas horas não havia mais árvores. Foram postas abaixo, sem o menor pudor. Uma a uma foi tombando, os galhos se agarrando umas às outras, tentando resistir ao desmatamento, rasgando o caule, a seiva, a vida. Poucas coisas são tão tristes quanto o som de uma árvore tombando. Fiz foto para lembrar como era antes, mas não ousei fotografar o resultado. Era uma beleza olhar o verde e vê-lo contrastando com o azul. Uma beleza mesmo. No fim da tarde joões de barro, quero-queros e gaviões disputavam o espaço entre os galhos. Parecia que faziam ali uma aglomeração saudável e possível.
Opinião
Adriana Antunes: o progresso
O progresso tem cheiro de dinheiro. Eu prefiro cheiro de mato
Adriana Antunes
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