Três pessoas foram presas até o momento na operação da Polícia Federal que busca restabelecer a ordem e apurar crimes cometidos em meio à disputa de dois grupos pela liderança da Terra Indígena em Cacique Doble, no norte do RS.
A ação, deflagrada nesta terça-feira (31), cumpre 44 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão preventiva em Cacique Doble e na Terra Indígena Monte Caseiros, em Caseiros. De acordo com a Polícia Federal, parte dos investigados está foragida em virtude de um confronto armado que aconteceu na reserva na noite de segunda (30), em Cacique Doble.
— Quando há conflito, os indígenas se abrigam na mata ou em outros locais. Como essa é uma região cercada por mata, o acesso fica difícil. No entanto, foi possível cumprir a maioria dos mandatos com apreensão de celulares e documentos. As investigações seguem bem como as buscas pelos foragidos — disse o delegado Sandro Bernardi.
Conforme a investigação, a onda de conflitos na reserva de Cacique Doble teve início em agosto do ano passado, quando quatro indígenas foram vítimas de tentativas de homicídio por disparos de armas de fogo. Durante a investigação da Polícia Federal, três líderes da reserva foram presos preventivamente. Mesmo com o estabelecimento de nova liderança, o flagrante de crimes continua.
— Alguns indígenas posicionados do lado contrário ao cacicado anterior se organizaram e elegeram um novo cacique. Isso gerou um conflito entre o pessoal que estava posicionado de lados opostos. A partir daí começou a haver hostilidades recíprocas entre eles. Os dois grupos se armaram e começaram a praticar vários delitos. Em função disso, tivemos várias tentativas de homicídio e, inclusive, um homicídio consumado em agosto deste ano. Também estamos apurando a participação de milícias privadas formadas por esses indígenas — completa o delegado responsável pela investigação Iuri de Oliveira.
Escola e posto de saúde fechados
Com o aumento dos conflitos, houve o fechamento temporário de uma escola indígena pela Coordenadoria Regional de Educação e do posto de saúde indígena, em face à iminência de novos conflitos armados.
— Nos causa preocupação verificar que 10% dos indígenas estejam lutando entre eles. Mas por outro lado temos 90% são vítimas. E estamos preocupados com isso, mas estamos adotando medidas enérgicas para a proteção e pacificação da comunidade indígena que vive na reserva — disse Oliveira.
A ação desta terça-feira conta com 160 policiais federais e 90 militares da Brigada Militar, do Comando Rodoviário e do Corpo de Bombeiros Militares.