A Terra Indígena de Cacique Doble, no norte do RS, elegeu na terça-feira (31) uma nova liderança. A decisão aconteceu depois que o antigo cacique, Leonardo Manoel Antonio, foi preso em uma operação da Polícia Federal realizada no mesmo dia, a fim de apurar crimes cometidos em meio à disputa de dois grupos pela liderança política do território.
Quem assumiu o posto, após deliberação da comunidade, foi o vice-líder cacique Robson Ferreira Doble. De acordo com ele, cerca de 300 pessoas participaram da eleição.
— A comunidade não pode ficar sem liderança, é o funcionamento da democracia. Nossa ideia para gestão é repartir as terras igualmente para todos, já que a terra é da União, ninguém pode ter mais do que o outro — afirma Doble.
Na reserva vivem aproximadamente 1,3 mil pessoas da etnia Kaigang. De acordo com o novo líder, a população está mais tranquila depois da operação da PF, mas ainda há apreensão quanto a pessoas foragidas.
O posto de saúde e a escola indígena foram fechados na terça-feira, diante da possibilidade de novo conflito armado. No entanto, os serviços voltaram a funcionar normalmente nesta quarta (1°).
A operação
A operação cumpriu 44 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão preventiva em Cacique Doble e na Terra Indígena Monte Caseros, em Caseiros. Quatro pessoas foram presas, mas cinco seguem foragidas.
De acordo com a Polícia Federal, parte dos investigados está foragida em virtude de um confronto armado que aconteceu na reserva na noite de segunda-feira (30), em Cacique Doble.
Conforme a investigação, a onda de conflitos no local teve início em agosto do ano passado, quando quatro indígenas foram vítimas de tentativas de homicídio por disparos de armas de fogo. Durante a investigação da PF, três líderes da reserva foram presos preventivamente. Mesmo com o estabelecimento de nova liderança, o flagrante de crimes continuou.
A ação contou com 160 policiais federais e 90 militares da Brigada Militar, do Comando Rodoviário e do Corpo de Bombeiros Militares.