Fomentar o futebol feminino, treinar e preparar atletas que sonham em jogar em grandes times. Com esses objetivos, a equipe técnica do Esporte Clube Vila Nova de Passo Fundo, iniciou este ano, os treinos em campo para meninas. Mais do que um time de base, o clube se tornou um grande projeto social, que capta jogadoras e faz a ponte entre clubes maiores. Percebendo esse potencial, em 2023 o Vila Nova contratou advogados para organizar e acompanhar a carreira das atletas.
A maioria vem de outras regiões do Estado, jogava nos times de suas cidades, mas buscou no Vila Nova, a chance de mostrar trabalho.
— Elas acabam escolhendo jogar aqui porque somos uma equipe de base para sua preparação e o time é 100% de meninas. O Vila está se destacando cada vez mais como um dos cinco times do Rio Grande do Sul com visibilidade no futebol feminino e isso faz elas optarem por jogar aqui — afirmou o coordenador da equipe, Lucas Rocha.
Ele conta que desde 2020 muitas meninas começaram a sair para jogar no campo em times profissionais.
— Duas que passaram pelo Vila Nova despontaram em grandes times. Atualmente Bianca Martins joga no Internacional e Ana Paula Torchetto, no Juventude. A partir dali começamos a transferir essas meninas para outros clubes, mas a procura era cada vez maior e vimos a necessidade de iniciar os treinos no campo. Avaliamos que o Vila poderia ser a preparação dessas meninas e nos transformamos em um núcleo de captação de atletas, que em um ano estão conseguindo ir para times grandes, o que nos motiva e valoriza as meninas, além de engrandecer o projeto social que é o Vila.
Lucas conta que o planejamento era buscar espaço somente para elas e foi apresentado um projeto de formação e vitrine, a partir de amistosos, um deles quando o time enfrentou o Grêmio.
— Foi nossa primeira competição sem muito sucesso e, mesmo assim, dava para ver o brilho nos olhos das meninas durante a disputa. A comissão acabou sendo reduzida e acabamos decidindo que era preciso persistir nessa ideia.
Aos poucos as meninas foram se destacando. É o caso de Crisana Kuhn Gehring, de Lagoa dos Três Cantos, que passou pelo Vila em 2022 e em 2023 já conseguiu fazer testes no Grêmio. Aos 16 anos está jogando no time porto-alegrense.
Até 2022 o time contava apenas com o futsal feminino, que também teve muitos destaques de atletas e venceu campeonatos importantes até em outros estados.
Casa do Atleta facilitou a vinda das meninas
Das 161 atletas cadastradas no Vila Nova, 48 jogam no campo. Sete delas moram na Casa do Atleta, local criado para abrigar as atletas de fora da região. Uma delas é Jussara Zambeli Buchele, de Campina das Missões, que joga desde os sete anos. Ela conheceu o Vila Nova em 2021 quando disputou uma partida contra o time pelo RFF de Roque Gonzales e conta que percebeu que teria mais perspectiva de destaque na equipe passo-fundense e optou por jogar no time. Por um ano viajava para treinar. Aos 16 anos é uma das goleiras do Vila Nova e agora mora na Casa do Atleta.
— Estou tentando entrar em grandes clubes e aqui é uma baita oportunidade.
Outra atleta é Emili Olegário, 16 anos, é de Caibaté, na região das Missões. Ela começou a jogar com oito anos como lateral esquerda e depois dos 13 anos foi para Chapecó, se tornando atacante. Depois de um ano optou por jogar em outros times e este ano foi convidada para jogar pelo Vila. Mora na Casa do Atleta há dois meses e está treinando como atacante ponta.
Isabela se espelha na irmã, que é jogadora profissional do São José de São Paulo
Isabela de Souza Borges, tem 13 anos, de Sananduva, começou a jogar com cinco anos, como pivô, foi para ala e hoje joga como fixa e ala. Há um mês foi chamada pela equipe técnica do Vila. Ela e a mãe moram na Casa do Atleta. Isa quer seguir o exemplo da irmã Angélica de Souza Borges, que hoje é jogadora profissional do São José de São Paulo.
— A mana saiu de casa aos 12 e foi jogar em Santa Catarina. Passou por vários times e agora está jogando pelo São José como atleta profissional, aos 26 anos. Eu me espelho muito nela e quero também chegar a ser jogadora profissional, percorrer vários times. Meu maior sonho é ir jogar na Itália.
A mãe de Isa é a cozinheira oficial da Casa do Atleta, ajudando a organizar a rotina das meninas.
Parcerias e patrocínios
Mais do que um time, o Vila é um projeto social que visa apoio aos atletas e para tanto precisa de incentivos e apoio. Atualmente tem parcerias com empresas locais e regionais, que auxiliam no pagamento do aluguel da Casa do Atleta. A Lei de Incentivo ao Esporte fornece uniformes, tênis e bolas para o time. Os locais de treino são cedidos por parceiros. O transporte das meninas é feito pela própria equipe técnica. A alimentação é subsidiada pelas próprias atletas.
— Em dias de chuva, elas treinam num campo de futebol society emprestado por um parceiro, que fica a 200 metros do campo de treino, que é da Associação do bairro São Luiz Gonzaga. Temos parceria com o Colégio Monteiro Lobato. O bairro abraçou a equipe e muitas pessoas gostam do futebol. Há muitos times de várzea da cidade que torcem pelo sucesso delas. A gente precisa ser muito paizão, apendemos muito com elas — esclarece Rocha.
Em 2023 o time iniciou uma parceria com a ADERGS de Tapejara para jogos em parceria.
As meninas estudam em colégios estaduais, têm rotina de aprendizado, foco, estudo, treino, disciplina.
GZH Passo Fundo
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