O uso de celulares em sala de aula é tema de discussão antes mesmo do Ministério da Educação anunciar que elabora um projeto de lei para proibir o aparelho durante as aulas em escolas públicas e privadas do país.
A previsão é de que o projeto seja entregue à Câmara dos Deputados em outubro. O MEC argumenta que a proibição leva em conta estudos internacionais sobre como os aparelhos causam distrações e interferem no aprendizado.
O Rio Grande do Sul, por exemplo, tem a lei nº 12.884, que proíbe o uso de celulares dentro de salas de aula nas escolas do Rio Grande do Sul. O dispositivo foi sancionado em janeiro de 2008 e segue em vigor.
Em Passo Fundo não existe regra oficial sobre o assunto e cada escola encontra a sua forma de lidar com as telas.
Segundo a pesquisa TIC Educação 2023, 28% das escolas de Ensino Fundamental e Médio públicas e particulares do Brasil proíbem o uso de celular pelos alunos. O levantamento mostrou também que 64% das instituições permitem, mas restringem o acesso aos telefones a determinados espaços e horários.
É o caso do Instituto Redentorista Menino Deus, onde os professores recolhem os celulares antes do início das aulas e os deixam guardados dentro de uma caixa. Após os estudos, os aparelhos são devolvidos para os estudantes.
Essa foi uma medida necessária para garantir o foco e a concentração dos alunos, como afirma a diretora Márcia Bandeira Vargas Muccini.
— Desde sempre temos acordado de que o uso de celulares e eletrônicos são restritivos, sendo permitidos apenas em casos de uso para consulta e atividades pedagógicas. Tomamos essa atitude porque às vezes se tornava até um pouco desgastante o professor ter que chamar a atenção do aluno pedindo para guardar o celular — disse.
A diretora também afirma que o uso do aparelho sem um objetivo definido para atividades escolares contribui para a dispersão e falta de foco dos alunos. Para pesquisas pedagógicas, a instituição possui computadores e tablets disponíveis aos estudantes.
Trabalho contínuo
Algumas escolas ainda optam por deixar o celular sob posse dos alunos, como é o caso do Instituto Educacional (IE) de Passo Fundo.
O trabalho de conscientização da escola inicia em casa, com a família. Segundo o diretor Marcos Wesley da Silva, a restrição do aparelho telefônico é trabalhada de diferentes formas com os alunos.
— Do ensino fundamental 1 ao 5º, o uso do celular não é autorizado durante as aulas. A gente faz esse trabalho de conscientização com as famílias pedindo para que o celular não venha com os estudantes para o espaço de sala de aula. Do sexto ao nono ano, a gente também pede que não se use o celular e eles podem deixá-lo no armário deles aqui na escola, o que também acontece com o ensino médio — explica o diretor.
Marcos afirma que existem momentos corretos para o uso da tecnologia, que também é uma ferramenta importante no auxílio do aprendizado. Nestes casos, o professor é o responsável por solicitar aos alunos o uso do aparelho para atividades selecionadas.
— Tem sido um trabalho muito intenso de conscientização dos estudantes e das famílias. O aparato tecnológico do celular tem tirado o tempo de conversa e convivência. Temos trabalhado esse uso consciente e moderado para que não se torne um recurso de separação ou divisão, mas sim um recurso de aprendizagem que é o nosso objetivo — complementa.