Na primeira edição do ano do Bazar das Marias, 50 mulheres empreendedoras reuniram-se no Salão Social da Paróquia Santa Teresinha, em Passo Fundo, para expor suas produções artesanais e divulgar seus negócios independentes.
O bazar teve sua primeira edição em 2019, com 20 expositoras. O lançamento bem-sucedido foi um incentivo para dar segmento à iniciativa, mas a ação foi interrompida com a pandemia.
— Tínhamos uma expectativa maravilhosa de avançar, mas iniciou a pandemia e a gente ficou sem saber o que fazer. Então continuamos pelo WhatsApp, começamos a fazer bazares virtuais, movimentar com lives e fomentar essa produção em casa das mulheres, e aí o grupo cresceu — relembra uma das coordenadoras do bazar, Adriane Rebechi Rodrigues.
Em 2021, as exposições puderam voltar a acontecer presencialmente, e hoje, todo o movimento conta com cerca de 100 mulheres de diferentes realidades e faixas etárias. A mais antiga das artesãs do grupo, Eli Bomfanti, de 80 anos, costura já há mais de três décadas:
— Quero seguir fazendo [artesanato] até que Deus me dê saúde. Me faz bem, vejo pessoas e gosto de fazer sempre novidades. Hoje eu faço bonecas de pano e vestidos de prenda e de festa junina.
Incentivo ao empreendedorismo
A formalização das artesãs foi um processo que aconteceu aos poucos, mas hoje, quase todas elas possuem registro como microempreendedoras individuais (MEI). O bazar, além de proporcionar a independência financeira às mulheres, é uma forma de fomento à economia local, já que elas priorizam a compra da matéria-prima de lojistas do município, e após, vendem suas produções aos próprios passo-fundenses, conforme pontua Adriane:
— O empreendedorismo dá uma cara nova para o artesanato, elas transformam aquela renda extra ou até um hobby, em um negócio.
A ideia de focar o bazar nas mulheres também é fruto de uma característica comum à maioria dos membros do grupo: a maternidade. Assim, as mães são encorajadas a poder ficar em casa com seus filhos, mas ao mesmo tempo, também cuidando da sua renda. É o caso de Fernanda Severo Goelzer, de 29 anos, que hoje tem a produção de doces como seu principal faturamento:
— Eu deixei meu emprego quando estava grávida e algum tempo depois encontrei as Marias. Com a ajuda e incentivo do meu marido e também do grupo, hoje é o que eu faço, e tenho dois filhos pequenos.
Futuro do bazar
A perspectiva das Marias é de realizar uma edição mensal do bazar, no fim de semana, já que o grupo agora conta com local fixo, em uma parceria com a Paróquia Santa Teresinha. Além disso, as mulheres lucram conforme vendem, sem a necessidade de repassar valores ao movimento, que somente organiza e mobiliza as artesãs.
A novidade é que toda edição passará a contar com uma campanha para ONGs ou projetos sociais, que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade. Assim, quem for ao bazar também vai poder contribuir com uma causa.
Nesta edição, a colaboração foi com o projeto Mãos Unidas, que atende 70 famílias de recicladores, com 150 crianças. A organização esteve presente no evento para realizar a arrecadação, com o objetivo de montar cestas de Páscoa para as famílias atendidas.