Por Fernanda Estivallet Ritter, presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
A internet deu voz a todos, viabilizando a divulgação de ideias em massa por qualquer indivíduo. Com isso, surgiu o medo da disseminação de informações falsas, as conhecidas fake news, e a busca por uma forma de separar a verdade da falsidade.
A crítica surge quando as ideias parecem desfavoráveis, despertando nas pessoas o desejo de um controle sobre as informações por meio de uma entidade maior. O problema, porém, é quem irá controlar os limites da liberdade de expressão.
Devemos assumir o protagonismo de nossas próprias ideias e não terceirizar a nossa liberdade de escolher e de pensar por conta própria
Na obra 1984, de George Orwell, conhecemos entidades como o Ministério da Verdade e a Polícia do Pensamento. No clássico, o autor apresenta um governo totalitário, que controla e vigia permanentemente os cidadãos, definindo o que é a dita verdade. Aqueles que não concordam com a verdade definida passam a ser punidos e torturados pelos seus intitulados “crimes de pensamento”. Os fatos começam a ser modificados, novas narrativas são criadas e a história é reescrita de forma que não é mais possível saber o que é verdade ou mentira.
O fato é que não há como combater a disseminação de ideias. Elas vão continuar surgindo das mais diferentes formas, e, se houver um regulador, não haverá mais como diferenciar os fatos daquilo que é censurado por quem estiver no poder.
Para combater as fake news, é preciso entrar no debate, criar e abastecer as pessoas de informações verdadeiras e bem embasadas, ocupar espaços com nossas ideias, tornar a informação mais acessível e, assim, convencer as pessoas. Cada indivíduo tem o direito de consumir aquilo que lhe fizer mais sentido, e é sua responsabilidade checar a veracidade. Se esse indivíduo optar por acreditar em coisas erradas ou falsas ou, até mesmo, propagar essas ideias, ele sofrerá as consequências.
A liberdade de expressão é um direito de cada um. Devemos assumir o protagonismo de nossas próprias ideias e não terceirizar a nossa liberdade de escolher e de pensar por conta própria. Não devemos inverter a lógica dos fatos: para que eu possa ter responsabilidade sobre o que digo, primeiro preciso ter a liberdade de dizer o que penso.
Hoje inauguro minha participação nesta coluna e espero não ter receio do que poderei ou não dizer nas próximas edições. E que você, leitor, possa continuar tendo acesso às mais diferentes opiniões para que, assim, possa formar a sua.