Passaram de todos os limites as confusões e a balbúrdia administrativa do Ministério da Educação sob Abraham Weintraub. A atual gestão já gerava sérias preocupações sobre que herança deixaria para o futuro do ensino do país pela obsessão do ocupante da cadeira em bater boca e fazer graça em redes sociais, deixando para um plano secundário a implementação de uma política sólida para a área. Agora, a inquietação aumentou com o recente imbróglio envolvendo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e suas consequências.
O que está em jogo, muito acima de refregas ideológicas, é o futuro do país, carente de um ensino de qualidade, como mostram todas as avaliações
Faltaram competência e transparência no episódio dos erros de correção das provas do Enem e, em vez de buscar uma solução rápida e confiável, o governo preferiu minimizar os problemas e até colocar a culpa em uma suposta sabotagem de agentes de esquerda infiltrados no ministério. Serviu apenas para inflamar o fanatismo virtual, inclusive no extremo oposto do bolsonarismo, mas não resolveu o essencial, que seria tranquilizar os milhões de estudantes que prestaram o exame, o principal meio de acesso ao Ensino Superior público do país.
No fim, o resultado da inépcia foi a judicialização do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), pelo qual as universidades federais escolhem seus alunos. Com isso, criou-se um impasse no planejamento das instituições e, pior, instalou-se a angústia entre os estudantes que pleiteavam uma vaga no Ensino Superior e, com justificado temor, receiam ser prejudicados e verem adiados seus sonhos de entrar em uma faculdade para começar a preparação para a vida profissional.
Não há dúvida de que a educação, hoje, é uma área à deriva. É difícil encontrar, portanto, justificativa para defender a permanência de Weintraub na pasta, irradiadora de tumultos desde o início do ano passado, quando estava sob o comando de Ricardo Vélez, demitido em abril. O presidente Jair Bolsonaro pode ter apreço pelo atual ministro – figura já inscrita no anedotário político nacional por seus erros de português – por ser um soldado combativo na guerra cultural contra a esquerda. Mas o que está em jogo, muito acima de refregas ideológicas, é o futuro do país, carente de um ensino de qualidade, como mostram todas as avaliações que comparam o desempenho dos alunos brasileiros com estudantes de outras nações.
Educação é chave para o desenvolvimento e o bem-estar em qualquer lugar do mundo. O Brasil já desperdiçou muito tempo na busca por uma saída e, mantido o panorama atual, o MEC seguirá paralisado e sendo um epicentro de perturbação. Assim, o país fica mais longe da inadiável revolução no ensino de que tanto precisa. Providências urgentes são necessárias.