Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
O debate desordenado sobre a Amazônia decorrente das falas do presidente Bolsonaro ativaram discussões sobre questões ambientais, econômicas, sociais e políticas, gerando "bate-bocas" globalizados plenos de acusações e conclusões duvidosas, orientadas por interesses das várias partes envolvidas.
É inegável que este ecossistema é importante para o controle do clima da biosfera, assim como também é verdade que há enormes interesses internacionais envolvidos além da questão climática. ONGs estrangeiras promoveram demarcações de terras indígenas para restringir o uso sustentável de recursos naturais.
O Brasil, após o período militar, perdeu o controle sobre a região. Entidades públicas passaram a atender aos objetivos de ONGs internacionais por meio de restrições ao uso sustentável da região. Ao não planejar a ocupação e o uso sustentado da Amazônia em benefício do povo brasileiro, ficamos subordinados às iniciativas demarcativas destas organizações. Neste quadro de descontrole, conjugaram-se devastações, desmatamentos e explorações ilegais amparadas pela conivência política e pelas necessidades eleitoreiras, além de casos onde há cumplicidade de lideranças indígenas. Tal conjuntura torna evidente a ausência e a incapacidade coercitiva e punitiva do Estado brasileiro.
A internacionalização do assunto com as divulgações "oportunas" do aumento dos desmatamentos e incêndios na região acabaram por tornar Bolsonaro "o vilão". Corporações públicas difamaram a situação brasileira para enfraquecer a liderança do presidente. A França, habilmente, usou as falas bolsonaristas para descredenciar a agricultura brasileira no acordo comercial. Enfim, uma disparatada discussão eivada de emoção e de acusações generalizadas descaracterizou o foco da questão e da sua solução: o Brasil deve planejar, controlar, integrar e gerenciar de maneira efetiva o uso sustentável da Amazônia e consolidar que ela não pertence exclusivamente a grupos étnicos ou ONGs, mas a todos brasileiros. Esta posição servirá para fortalecer o nosso compromisso com os pactos pelo clima e, também, para criar mecanismos como uma taxa mundial – tipo green bounds –, dando um valor econômico pela nossa contribuição para sustentabilidade do planeta, em vez das medíocres "esmolas" ofertadas por outros países para controlar o desmatamento da região.