Por Diza Gonzaga, diretora institucional do Detran-RS
O dia 19 de junho marca o aniversário da Lei Seca. Especialmente em um contexto em que são colocadas em xeque algumas das medidas mais eficientes para a preservação da vida no trânsito, essa é uma data a ser comemorada. A longevidade da lei que nos coloca em sintonia com os países mais avançados do mundo é responsável por muito do progresso na redução dos acidentes e mortes no nosso Rio Grande e no País na última década.
Como qualquer norma que coloca restrições a hábitos enraizados, a Lei 11.705 encontrou resistência. E continua a provocar contendas judiciais onze anos depois. Mas apesar de barulhentos, os resistentes à mudança são minoria. Programas como a Balada Segura têm ampla aceitação na sociedade. Noventa e seis por cento das pessoas abordadas nas blitze aceitam soprar o bafômetro, cientes da importância dessa medida. E menos de 2% destas pessoas têm alcoolemia positiva.
Um pouco da resistência pode ser associado ao apelido Lei Seca, que sempre considerei equivocado. Lei Seca por que, se ninguém está impedido de beber? Todos podem se divertir, fazer a sua festa, desde que se organizem para voltar para casa em segurança. A lei que contribui para que você acorde na sua casa, junto da sua família, e não num leito de hospital, não deveria ser chamada de Lei da Vida?
Por este motivo, qualquer argumento contrário perde o sentido. Não é possível medir quantas vidas foram salvas desde que a Lei da Vida entrou em vigor, mas certamente a milhares de famílias foi poupado o sofrimento de chorar a perda de seus entes queridos. E tem alegria maior que saber que nossos amigos, familiares, nossos amores, vão voltar em segurança para casa?
Com essa ideia em mente, estamos prontos para tornar-nos também agentes da mudança. Mesmo que a fiscalização tenha avançado nos últimos anos, o Estado não pode estar em todos os lugares. Cada um de nós tem um papel importante na mudança de comportamento daqueles que ainda resistem. Só com uma conscientização ampla, que inclua a não aceitação desse comportamento nocivo nas relações mais próximas, poderemos avançar ainda mais na redução das mortes no trânsito. Sejamos todos fiscais da vida!