Por Ubiratan Sanderson, deputado Federal PSL/RS
Entre os tantos dilemas do Brasil, um deles se chama sistema de transporte. Os principais recursos para o sustento social trafegam pelas nossas estradas. Essa dependência nos coloca, de certa forma, como reféns dos caminhoneiros. Em 2018, a categoria fez greve contra o aumento do diesel e enfrentamos dias de caos. O problema voltou neste ano. Eles ameaçaram retomar a greve, pois a tabela do frete não acompanha as altas do diesel e o prejuízo é grande.
A repetição desse cenário revela a urgência de contar com outro modelo de transporte. O sistema rodoviário é o mais usado no país. Dados da Confederação Nacional dos Transportes, em 2018, apontaram que, dos 107.161 km analisados (toda a malha pavimentada federal e algumas estaduais) 57% apresentam problemas. Somente a pavimentação gera um aumento de 26,7% no custo operacional do transporte, incluindo a manutenção do veículo. Como consequência, logística brasileira cara e redução da competitividade internacional.
Essa conjuntura é alarmante e tende a piorar. Em busca de soluções, decidiu-se, a exemplo de países como EUA, investir nas ferrovias. Hoje 23% do transporte ferroviário é usado no Brasil. Por isso, após dez anos, aconteceu em março, o leilão de um trecho de 1,537 mil quilômetros da Ferrovia Norte-Sul, abrangendo o Porto Nacional, no Tocantins, a Estrela d'Oeste, em São Paulo. É um dos principais projetos para escoamento da produção agrícola do país. A Rumo Malha Paulista venceu com a oferta de R$ 2,7 bilhões-100,92% a mais do que o valor mínimo. O Prazo é de dois anos para a entrega. O governo sinaliza que vem mais concessões pela frente. Na lista, estão a Ferrogrão e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste. Ambas estão em estágio avançado. Foi preciso deixar um sistema de transporte chegar ao caos para investir em outro. Na atual situação do nosso país, o setor privado é um parceiro que ganha e oportuniza o ganho de todos. Esperamos que novas ferrovias surjam e esse movimento seja compreendido como necessário para o progresso do transporte no país. Será uma luz no fim do túnel? Vamos torcer.