Por Marisa Piedras, professora estadual, mestra em Letras
A advogada paranaense Tatiane Spitzner foi mais uma vítima de feminicídio, certo? Mas, o que não pareceu certo, foi por que ninguém a socorreu do marido/monstro que a agrediu desde a garagem do prédio até o apartamento no quarto andar e nada de ajuda? Havia câmeras, ficou comprovado pelas gravações. Se existiam câmeras, alguém as monitorava, então, quais os motivos de não haver um socorro a essa moça? Será que os seres humanos, às vezes, não tão humanos, ficaram tão duros e frios e impassíveis que ouviram ou até viram uma mulher sendo maltratada e não tomaram uma atitude? Já sei, é a velha e hipócrita regra da sociedade machista: "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher". Falta-nos sermos mais empáticos com urgência, é essencial nos colocarmos no lugar do outro, principalmente, quando assistimos a uma anomalia transvestido de homem cometendo atrocidades contra uma mulher.
A grande motivação do feminicídio é a insatisfação com o fim dos relacionamentos. Pergunto-me se os fins dos relacionamentos são os causadores dos assassinatos de mulheres? São tantas as Marias, as Paolas, as Tatianes e as Joanas mortas, pois ousaram dizer não aos homens que mesmo amando, às vezes desistiram de serem perseguidas e ameaçadas, porém, custo a crer nisso. Sabem por quê? Amor, aquele verdadeiro composto de doses iguais de companheirismo, de cumplicidade, de amizade e, principalmente, de empatia não mata. Não estou falando do amor romântico, sim do amor universal que enxerga o outro como um ser livre e autônomo dele. O que mata mesmo é quando vemos o outro ser humano como uma coisa que queremos ter posse. Somos livres sempre e somente nos pertencemos, mesmo amando outra pessoa. Aceitar com educação, doçura e classe que o outro não nos quer mais como namorado, marido, caso ou amante faz parte do nosso crescimento como espíritos livres e superiores ao senso comum. Cada vez que leio notícias sobre crimes passionais me sinto muito mal, penso: mais uma mulher que não conseguiu ser vista como um ser humano com livre arbítrio.
Torne-se mais empático, disque 180 e evite um feminicídio!