Por Marco Antônio Bomfoco, professor, doutor em Linguística e Letras
No Corriere della Sera, do dia 20 deste mês, Beppe Servignini escreve sobre um dos paradoxos da nossa época: inventamos as redes sociais e ficamos todos mais solitários. O jornalista italiano está preocupado com os jovens. Todos nós deveríamos estar. Servignini observa que um grande número deles, mesmo "conectados", sentem-se sozinhos e isolados. É fácil ver que o mundo em que estamos vivendo é uma aldeia global. De fato, percebo o mesmo problema entre os jovens estudantes na periferia da Capital. Nunca se afastam dos seus smartphones, nos quais teclam com incrível velocidade. Todavia, seu olhar e suas atitudes revelam que não sabem o que buscam e carecem de ideais. A vida lhes parece mais cheia de ameaças do que de possibilidades. Há muitos problemas a serem enfrentados: a família está transtornada, e a escola funciona mal, quando funciona.
O novo século começou velocíssimo e trouxe mudanças tão radicais que ainda não as compreendemos claramente. As novas tecnologias contribuíram para ampliar a comunicação e para o bem-estar das pessoas. Não será preciso dizer que também criaram tensões e problemas em abundância. A questão é que nenhuma sociedade pode funcionar sem tecnologia. Conseguir relacionar-se criativamente com as pessoas e com a tecnologia, com dinamismo e responsabilidade, tem feito falta a todos.
Há poucas iniciativas governamentais que atendam aos jovens da periferia. É bom lembrar que eles não são apenas números nos registros: são seres humanos reais, vulneráveis à manipulação social, às drogas e à violência, especialmente na fase da primeira juventude. Qual é a lógica de uma sociedade que permite que um enorme potencial humano seja desperdiçado e ainda assim acredita estar no caminho do desenvolvimento? A tecnologia pode contribuir com jogos inteligentes que ajudem a melhorar as habilidades para leitura e matemática, resolver enigmas da ciência, projetar cidades e estudar a história da civilização, além de criar redes ou espaços de afinidade para interação social.