Agora preso depois de ser protagonista de algumas das horas mais espantosas da história jurídica brasileira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá mais tempo para refletir sobre a dimensão e a quantidade de equívocos cometidos desde a decretação de sua prisão. A resistência oferecida por Lula e seus aliados ao cumprimento da Justiça, somada aos ataques ao Ministério Público, ao Judiciário e à imprensa, passa para a História como um capítulo de obscurantismo na trajetória do ex-presidente.
Escudado por sindicalistas e outros ativistas, Lula conseguiu postergar irresponsavelmente uma ordem de prisão ao pôr em risco imediato a integridade física das pessoas que o cercavam, sem contar a dos jornalistas que já vinham sendo covardemente agredidos e hostilizados por fanáticos lulistas. Mais do que isso, Lula zombou da Justiça – em seu discurso messiânico, alienado da realidade dos fatos, e na tentativa de retardar a execução da lei, à espera de que finalmente um dos incontáveis recursos às instâncias superiores encontrasse eco.
No palanque de São Bernardo do Campo, não faltaram representantes de movimentos e partidos que, como ficou evidenciado, gravitam em torno de Lula, que conseguiu unir em torno de si antigos dissidentes que esperam usufruir do legado de sua popularidade.
O que faltou no palanque foi o bom senso que abreviasse a pantomina populista destinada a criar efeitos visuais para reforçar a encenação da resistência.
Com Lula preso e outros ameaçados, cabe agora às instituições democráticas, juízes e promotores à frente seguir na missão de resistir às manobras e pressões que visam, no fundo, enterrar a Operação Lava-Jato e tudo o que ela representa em esperança de transformação para o país.