Mais de cinco anos depois do início das obras, a arrastada execução do projeto de duplicação da BR-116 vai impondo um custo adicional a cada dia maior para os gaúchos. Além das perdas humanas provocadas por acidentes no trecho entre Guaíba e Pelotas e do impacto sobre o custo do frete, o atraso faz com que o valor orçado se amplie constantemente, mesmo sem qualquer alteração contratual. Apenas no período de um ano até março, o montante estimado para concluí-la ficou R$ 61 milhões maior. Só esse acréscimo vai consumir nada menos de 60% dos recursos previstos para o empreendimento em 2018, o que é lamentável.
Em consequência da demora, o percentual total de execução caiu de 60% para 58,7%. Ou seja: ao invés de avançar, o projeto retrocede. E esse é um indício claro de que o ritmo vai continuar lento, se a mobilização das comunidades gaúchas não se intensificar, e logo. Até mesmo nos trechos quase prontos, o projeto esbarra em dificuldades para a colocação da última camada de asfalto necessária para a liberação do tráfego de veículos, devido à política de reajustes da Petrobras. Por isso, precisa de mais verbas orçamentárias.
Ritmo vai continuar lento, se a mobilização das comunidades gaúchas não se intensificar
Desde 2012, quando o canteiro de obras foi inaugurado, já foram investidos R$ 791 milhões nessa iniciativa. A estimativa é de que ainda faltem R$ 556 milhões para a duplicação ser concluída. Diante dos cortes orçamentários determinados para a redução do déficit do setor público, as liberações de verbas escassearam. Em 2018, o total só alcançou R$ 99,5 milhões porque foi reforçado por emendas impositivas. Mesmo assim, é pouco, a ponto de o montante mal cobrir o custo adicional provocado pela inércia ao longo de um ano. O agravante é que, em setembro, os contratos serão reajustados.
Com verbas a conta-gotas e sem pressão permanente, os gaúchos ainda irão arcar com um ônus pesado antes de verem concluídas as obras de duplicação da BR-116. As dotações orçamentárias para o próximo ano serão decisivas para deixar claro até que ponto líderes do Estado mantêm o poder de influir em questões tão decisivas para os gaúchos como a modernização da rodovia.