Todos nós queremos ser felizes. A felicidade é a maior motivação do ser humano. É a busca pela mesma que baseia todas as nossas escolhas. O problema é que o que achamos que nos traz felicidade nem sempre é verdade. Deixar o que nos move no piloto automático não é o melhor caminho. Devemos olhar mais fundo e sermos capazes de tomarmos melhores decisões. Num mundo em que doenças como a depressão crescem a cada dia, e as pessoas parecem estar cada vez mais perdidas de onde encontrar essa felicidade, olhar para os estudos científicos sobre felicidade pode ser de grande valia. Foi a partir da ideia de ajudar as pessoas a atingirem seu potencial e serem mais felizes que surgiu a psicologia positiva, em 1998, com Martin Seligman, que na época era o presidente da Associação Americana de Psicologia (APA). Nos últimos 12 meses, venho estudando a fundo a psicologia positiva e o que tenho encontrado é tão incrível que vou compartilhar com vocês, pois todos deveriam ter acesso a esse conhecimento. Atitudes simples que têm um poder enorme de aumentar nossa felicidade, e geralmente são subestimadas, incluem: mais tempo com família e amigos (uma vida social realizada é o que mais prediz felicidade), otimismo, religião ou espiritualidade, ter motivação para o trabalho e cuidar de si mesmo (exercício físico, sono e tempo para lazer).
O que a psicologia positiva tem encontrado por meio de inúmeros estudos científicos é que somos mais parecidos do que pensávamos e o que nos traz felicidade é muito similar. O fato mais incrível que encontrei é a forte relação entre felicidade e longevidade. Os estudos demonstram que as pessoas felizes vivem mais e melhor. Alguns estudos (os dois mais famosos Mayo Clinic e Nun Study) chegam a indicar 10 anos de vida a mais para as pessoas felizes. Esses números são gigantescos e reforçam o argumento de que a felicidade não é apenas uma emoção prazerosa, mas sim algo fundamental para nossa existência.
O fator que está mais relacionado com felicidade é ter um vida social realizada. Isso quer dizer ter amigos (pode incluir família e/ou parceiro/a) que nos sentimos conectados profundamente, que têm assuntos e interesses em comum, que são parceiros para fazer as atividades que gostamos. Mas, principalmente, que sentimos lá no fundo que podemos contar com essas pessoas a qualquer hora. Esse conceito de vida social realizada (tradução livre do inglês fulfilled social life) pode variar muito de pessoa para pessoa. Algumas pessoas sentem a necessidade de uma rede maior de amigos e de passar mais tempo com eles, já outras se satisfazem com um número menor e menos convívio. Mas o importante é o sentimento de abundância nessa esfera da vida, o sentimento de rede e pertencimento.
A talvez mais óbvia atitude relacionada com felicidade é o otimismo. Mas por que é tão importante ser otimista? Até então a psicologia olhava com desprezo para o otimismo, mas Seligmann demonstrou por meio de inúmeros estudos científicos que comprovam que fazemos quase tudo melhor se estamos otimistas, além de nos sentirmos melhor. Aqui entra a importância do cuidado com o que falamos e o que pensamos, para sempre sermos positivos. Pensar positivo é um hábito que deve ser cultivado, pois a prática facilita o fortalecimento dos caminhos neurológicos . Nós sabemos hoje em dia que o ser humano tem uma capacidade imensa de substituir padrões de pensamento. Essa noção não existia alguns anos atrás. As duas maiores autoridade nessa área são Carol Dweck (Stanford), que provou o conceito de neuroplasticidade (capacidade de mudar os caminhos cerebrais) e Angela Duckworth, que provou que força de vontade é a característica que mais prevê sucesso em qualquer área. A partir disso a psicologia e a neurociência passaram a ter uma visão muito mais otimista da capacidade do ser humano de mudar seus padrões mentais.
Mas por que é tão importante ser otimista?
DIEGO BURGER A. SANTOS
ESTUDANTE DE PSICOLOGIA
Outro fato que está diretamente relacionado com felicidade e otimismo é ter religião ou espiritualidade. A explicação é que quando acreditamos em algo maior que nós, tendemos a ter mais propósito e olhar a vida de maneira mais positiva. Felicidade também está muito relacionada com a nossa relação com o trabalho. Ter motivação para ir trabalhar e encontrar propósito no trabalho são os grandes feitos para nossa felicidade.
Para finalizar, gostaria de ressaltar a importância do cuidado consigo mesmo e o quanto isso impacta nossa felicidade. Na psicologia positiva, cuidar de si mesmo significa principalmente fazer exercícios físicos regularmente, dormir bem e ter tempo para lazer/relaxamento. Infelizmente, nós temos a tendência de subestimar a importância desses pontos. É de suma importância criar tempo para que todas essas necessidades sejam atendidas para viver de maneira mais feliz e saudável. A quantidade de tempo dedicada para cada tópico pode mudar de pessoa para pessoa e essas individualidades devem ser respeitadas. A chave para compreensão das mesmas é o processo contínuo de autoconhecimento e foco no momento presente.